Pessoalmente, tenho de recuar até 2009 para me lembrar de uma E3 que me tenha deixado tão empolgado. Nessa altura a série Call of Duty, com Modern Warfare 2, ainda recebeu os aplausos do público em vez de apupos ou indiferença, Assassin’s Creed apresentou Ezio ao mundo, em que The Last Guardian fez a audiência levantar-se das cadeiras, aplaudindo de pé o terceiro projecto de Fumito Ueda, e Miyamoto mostrou o novo Zelda, Skyward Sword em palco. Foi também o ano em que o Project Natal, que viria ser o Kinect, ainda foi recebido com algum interesse e curiosidade (outros tempos…).
Já este ano, foram superados os níveis de entusiasmo. A Microsoft chegou decidida a redimir-se da falsa partida de que a Xbox One sofreu e apresentou jogos exclusivos, um novo comando modelar para os mais exigentes e anunciou que a consola seria retrocompatível com os jogos da geração anterior graças a uma actualização de firmware que seria acompanhada de um novo serviço com o registo de jogos no Xbox Live Arcade, justificando a compra da consola para os mais cépticos dos jogadores.
A Sony, por sua vez, conseguiu encobrir o facto de não ter grandes planos para 2015, revelando The Last Guardian para 2016, Horizon: Zero Dawn para o mesmo ano, o remake de Final Fantasy VII, conteúdo exclusivo e lançamentos antecipados de títulos third party na PS4 e o apoio (maioritariamente moral) à produção de Shenmue 3, que inflamou a sala de conferências e a Internet, antes de fechar com uma demonstração brilhante (apesar dos problemas iniciais) de Uncharted 4: A Thief’s End.
O primeiro dia de conferências foi tão repleto de surpresas e momentos memoráveis que se tornou facilmente suportável assistir às conferências enfadonhas da Ubisoft e a EA. A Nintendo fez o que tem vindo a fazer, separando-se do baralho com o evento digital ao jeito de Nintendo Direct, mas este ano conseguiu entreter o público com humor nonsense, reportagens e peças interessantes, a revelação do novo Star Fox e uma boa apresentação de Mario Maker, que tem o potencial infinito de LittleBigPlanet. Faltou The Legend of Zelda para a Wii U, mas este já sabíamos que não estava incluído na programação da Nintendo.
Assistindo à conferência da Square Enix, qualquer se perguntará porque é que a editora se deu ao trabalho de ter um espaço seu. Quase não houve novidades em palco (as poucas foram recebidas sem entusiasmo), não houve informação adicional sobre os títulos anunciados no dia anterior, ficou a faltar Final Fantasy XV, o tradutor esqueceu-se de traduzir uma intervenção em japonês e, no final, tivemos de sofrer com o esforço louvável, mas escusado de Yosuke Matsuda, o CEO e Presidente da Square Enix.
O pior, no entanto, ficou reservado para o fim. O PC Gaming Show teve a sua estreia na E3 e não há benevolência suficiente que mude a realidade: foi uma conferência lenta, demasiado longa, aborrecida e sem qualquer novidade relevante, deixando de fora muitos dos produtores indies confirmados anteriormente como estando presentes. Tanto que queria ver Hyper Light Drifter… Vá lá que fez uma demonstração de Deus Ex: Mankind Divided.

A inexperiência das partes envolvidas foi óbvia, assim como a intenção da AMD, a co-organizadora do evento com a PC Gamer, em tornar o espaço dedicado ao PC numa montra da sua nova linha de placas gráficas. Os restantes, pelos vistos parecem mais confortáveis no dito show floor. A existir em 2016, a organização do PC Gaming Show terá de ter em mente que a E3 é um palco e, por isso, a audiência exige um espectáculo.
Não obstante, esta E3 continua a fazer-se sentir como uma das melhores de que há memória, o que serve de prova da qualidade das prestações da Microsoft e da Sony. Há mais do que razões para entrar na corrente geração; tanto uma como outra deram motivos mais do que suficientes para tal, embora a Sony não me tenha aliciado a apressar-me (2016, porém, será outra história). Por agora está tudo. Para o ano há mais.