Talvez esteja a ser injusto, mas esperava muito mais de AER: Memories of Old. A sua direção de arte invoca alguns dos melhores títulos de aventura e exploração, e a sua falta de combate delineava uma experiência forte e de grande impacto que, infelizmente, não se encontra presente na versão final. É um jogo fugaz, às vezes atraente, mas na sua maioria, aborrecido e sem grande interesse.
A exploração livre de um continente dividido por ilhas foi o ponto que mais me atraiu em AER: Memories of Old. A possibilidade de voar e explorar sem existir uma estrutura demasiado fechada que nos obrigue a seguir um caminho pré-definido, faziam-me prever uma experiência gratificante que se aliavam aos tons pastéis e modelos poligonais da sua direção de arte. O problema é que AER é muito mais vazio do que aparenta ser.
Mas existe uma história por detrás deste mundo destruído e esquecido, com a narrativa a poder ser descoberta pelos jogadores mais aventureiros. Existem momentos em que teremos de encaixar as peças do puzzle para compreender melhor o povo e a sua história, e será necessário explorar todas as ilhas para acedermos a cada um dos momentos narrativos. O problema é que AER depende demasiado da paciência e vontade de explorar dos jogadores para contar a sua história, algo que a jogabilidade não consegue complementar. E para ajudar, a história também não é muito cativante ou original.
Como uma das últimas sobreviventes do nosso clã, temos a possibilidade de nos transformarmos num pássaro e voar pelos céus do continente em busca de novas ilhas. À medida que exploramos, o nosso mapa, anteriormente vazio, vai-se complementando com novas localidades e templos que podemos visitar quando quisermos. Este é o cerne de AER, esta exploração livre e sem rédeas, esta sensação de voar sem as amarras de objectivos que forçam uma progressão estruturada.

Penso que é a primeira vez que o digo, mas voar é fácil. A partir de qualquer parte do mundo, podemos ativar a nossa transformação e voar pelos céus do continente. A mecânica é extremamente simples de utilizar e controlar, e não existe sequer um período de habituação muitas vezes associado a este tipo de jogabilidade. Existem ainda túneis de ar, que aceleram a nossa heroína, e outros desafios exclusivos aos céus de AER.
Existe aqui uma base interessante e uma mistura quase gratificante entre exploração e resolução de puzzles, mas a Forgotten Keys nunca consegue elevar a jogabilidade até ao seu verdadeiro potencial. Não só a campanha é demasiado curta como o mundo é insuportavelmente vazio para complementar um jogo que se foca na exploração. É certo que podemos encontrar os momentos narrativos que identifiquei no início da análise, mas para além disso, é um jogo de vistas. Se não gostarem da direção de arte e dos modelos do jogo, não há muito para ver.

AER volta a cair por terra com os seus quebra-cabeças. Tal como The Legend of Zelda, o jogo disponibiliza vários templos que só podem ser completados se resolvermos todos os puzzles. Apesar do design dos templos ser interessante e misterioso, muitas vezes com um ambiente mais soturno que complementa os tons quentes da fauna e flora das ilhas, os quebra-cabeças não apresentam qualquer desafio e surgem quase como desnecessários. Os templos parecem servir mais para quebrar a progressão do jogo e dar novos locais para o jogador explorar do que para dar um desafio.
Este jogo é uma dor de cabeça. Por um lado, temos um título completamente focado na exploração e descoberta de novas ilhas com uma história minimamente intrigante, com a possibilidade de voar a dar-nos uma campanha diferente. Mas por outro, temos um projeto pouco desenvolvido, aborrecido de jogar e sem grandes desafios para tornar a sua experiência mais interessante. É um título que fica apenas pelo básico, quase como uma maquete para algo maior e mais definido, e que nunca atinge todas as suas potencialidades.

O código para análise (PS4) foi cedido pela Daedalic Entertainment.