Wo Long: Fallen Dynasty | GLITCH REVIEW

Wo Long: Fallen Dynasty – se fosse uma rosa com outro nome, teria o mesmo perfume. Quem o disse foi William Shakespeare, um crítico famoso na nossa comunidade; e ambos chegámos à conclusão de que Wo Long não é um mau jogo, mas é o mesmo jogo do catálogo mais recente da Team Ninja. Wo Long é Nioh, e um pouco Stranger of Paradise, mas durante o épico do Romance dos Três Reinos. E tenho para mim que o futuro Rise of the Rōnin não vai fugir destes moldes.

E isso é mau? De todo, é como ser fã de Warriors e descobrir que existe um adaptação da nossa série favorita – Fire Emblem ou Zelda? Dynasty ou Samurai? Berserk ou One Piece? E mesmo sendo de estúdios diferentes, o raciocínio é o mesmo – se encontramos o nosso nicho, há que o explorar, refinar e fazer cada vez melhor. O que não aconteceu aqui…?

Há tempos, tive outra interacção interessante com o colega Octávio (FrankenSama™ por essas redes) sobre os lugares-comuns da fantasia que insiste em beber de uma Europa medieval. Acho que estávamos a falar do Elden Ring ou do Final Fantasy XVI, mas concordei com ele. O género de espada e feitiçaria, castelos, dragões e derivados vai ser sempre o meu favorito, mas não me faço de rogado com outras culturas e contextos históricos. Assassin’s Creed tenta-o e é uma alternativa, mas não sou fã da série. Noutros jogos, ainda vamos ao norte e, poucas vezes, visitamos o Japão feudal, mas acho que nunca joguei nada que explorasse as culturas africanas e chinesas, por exemplo.

A emergência de estúdios chineses no ocidente começa a abrir janelas para o seu folclore e mitologias, o que me deixa bastante entusiasmado para experimentar coisas novas, mas foi com o nipônico Wo Long que tive a minha primeira exposição ao épico chinês – Sānguó Yǎnyì ou Romance dos Três Reinos, possivelmente da autoria de Luo Guanzhong, que aborda os anos finais da Dinastia Han. O romance tem tanto de histórico, como de fantástico, e segue as demandas de um vasto elenco, enquanto se foca no jogo de poder entre três facções: Cao Wei, Shu Han e Wu Oriental. Já neste jogo, exploramos os conflitos com um protagonista anónimo, e criado por nós, numa versão alternativa e mais sombria com bestas e demónios à mistura, como se o resto já não bastasse…

Portanto, já tinha abertura e motivos para me lançar nesta aventura – o tema e o facto de ser um Soulslike para me testar e fazer sofrer. E isto também implicava que ia estar demasiado ocupado em tentar não morrer para apreciar a história, mas se há algo que estes jogos fazem de bem é desenvolver uma narrativa mais na nossa cara para nos imergirmos nos acontecimentos versus acompanhar mensagens e divagações crípticas. E aqui, não posso fazer nem dizer muito por não conhecer a fonte, mas serviu o seu propósito em contextualizar-me no tema.

Nesse campo, nada a apontar. No resto? Algumas coisas. Se este jogo fosse uma bota, ainda andei uns bons dias até andar confortável e foi preciso recomeçar com outra personagem e ter consumido alguns guias, porque senti que o jogo fez um trabalho medíocre em explicar-me as suas mecânicas; e ainda são algumas.

Na verdade, senti o mesmo em Stranger of Paradise. Um jogo que se queria simples, tinha tanto enchimento de chouriço que me levou a ignorar bastante do jogo para me focar no melhor: no combate divertido e na história que se revelou numa surpresa. Tentei o mesmo aqui. Senti que Wo Long tivesse uma espécie de défice de atenção por disparar em várias direcções, mas nada pegava comigo, salvo o quê? Apenas o combate divertido. Não posso dizer que o resto tenha pegado, mas isso é uma questão mais pessoal do que outra coisa…

O combate é mesmo divertido e quando fez clique, gostei bastante! É souls, mas pega na velocidade e na destreza do Sekiro para ensinar truques novos a este cão velho, como a mecânica para deflectir golpes. Mais importante do que aparar investidas ou rebolar para os lados é acertar nos tempos e devolver a força do golpe ao adversário, deixando-o vulnerável para ataques especiais. Se podemos jogar como um souls tradicional? Sim, mas aqui não tem tanta piada.

Wo Long ainda brinca com as artes marciais chinesas, ou wushu, para criar um estilo próprio. Cada arma que apanhamos sente-se única, com atributos, movimentos diferentes e ataques especiais inspirados em técnicas reais ou outras mais espalhafatosas, mantendo aquele equilíbrio entre o realismo e a fantasia; tanto que também podemos optar por desenvolver habilidades mágicas ou recorrer a invocações de criaturas do folclore chinês.

E para gerir o parágrafo anterior, precisamos de energia espiritual (algo que me falta neste momento) que ganhamos a combater normalmente. A cada golpe, enchemos uma barra de azul que consumimos em magias, invocações, ataques especiais e outras habilidades. Uma má gestão, ou uma gestão distraída, leva a um saldo negativo numa barra laranja que ainda nos deixa jogar, mas também nos deixa vulneráveis e sem postura para levarmos nas orelhas.

E AINDA, também temos um sistema de moral e coragem. A moral é uma escala numérica que dita o dano que infligimos e recebemos dos adversários, consoante a diferença entre níveis; começamos os mapas a zero e podemos subir a moral ao derrotar inimigos. Se formos derrotados, perdemos esse níveis para depois os recuperar. Já a coragem representa o nível mínimo de moral que podemos ter a dado momento. Isto é, se explorarmos os cenários e formos erguendo estandartes, vamos aumentando a coragem e se formos derrotados, já não começamos do zero, mas do número de estandartes descobertos. E isto puxa a uma exploração por mapas desinspirados para obter mais e mais entulho. Quer dizer, equipamento. Se houve algo que me cansou em Stranger of Paradise, foi o inventário e a respectiva gestão que saltou para este jogo. Às tantas, nem trocamos de equipamento se continuarmos a melhorar o original, portanto é toda uma quantidade versus qualidade.

O meu embirranço nem foi tanto com estas mecânicas, mas como (não) foram abordadas pelo jogo. Desmotivou-me a avançar por estar assoberbado, mas quando recomecei com outros olhos e mais conhecimento, até que… nem as achei tão complicadas. Wo Long é um mau jogo por isto? Nah. Porque se forem mais expeditos do que eu, até dão conta do recado e a dificuldade não é por aí além. Tirando o primeiro boss que, claramente, existe para nos formatar e ensinar a jogar, o resto é bastante acessível e temos sempre a ajuda de aliados que nos acompanham.

Não achei os visuais nada por aí além, principalmente os cenários secos e a nossa personagem original que se destacava do restante elenco por parecer mais artificial. Um detalhe que até comentei, foi a reutilização de alguns conceitos do Stranger of Paradise, como a estética cristalizada em determinados confrontos. A dobragem inglesa é só dolorosa, mas para uma verdadeira imersão, optei pela dobragem chinesa. Se fosse má, não me iria queixar por não perceber nada.

No final, não sei – não fizemos clique. O problema não era do jogo; talvez fosse meu. Ou talvez fosse mesmo do jogo, mas depois de ter gostado do Stranger achei que fosse gostar mais deste. E se houve partes de que até gostei, como do combate, houve outras a que podiam ter raspado a espuma para se beber melhor. Mas caramba, que é brutal desviar résvés e virar o combate todo com um especial. Sim, isso era do cara-

A escala utilizada é de 1 a 10

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