Impressão minha ou este Kirby’s Return to Dream Land Deluxe saiu assim sorrateiro? Só há semanas é que soube dele e rapidamente me esqueci até o recebermos para análise. Acho que ainda nem fizemos um ano de Kirby and the Forgotten Land!, mas caramba que o tempo voou…
Não que me esteja a queixar, o Kirby continua a ser das minhas mascotes predilectas, mas passei ao lado de muitos minijogos que foram lançando. Se calhar, foi por isso que o empurrei para o fundo da memória… Só que não, Kirby’s Return to Dream Land Deluxe é uma antiga e nova entrada na série principal da adorável bolinha rosa!
Na minha cabeça, existe agora uma linha a separar a cronologia de jogos Kirby – pré e pós o fantástico, épico e emocional Forgotten Land, com as aventuras 2D anteriores e as eventuais sequelas. Não me refiro apenas à qualidade, mas como inovou no salto para o 3D; e aqui excluo o Kirby 64: The Crystal Shards porque não é bem 3D, certo?
Em 2023, Return to Dream Land é apenas um jogo de plataformas tradicional; mas também já o era em 2011, seguindo um Kirby’s Epic Yarn sem gimmicks de lã ou robôs, regressando às mecânicas básicas e confortáveis da série. Só que o seu desenvolvimento foi tudo menos básico e confortável, com ideias descartadas e aproveitadas em sequelas.

No fundo, e como o título indica, é um regresso de Kirby a uma Dream Land que se vê agitada pelo despenhamento de Lor Starcutter, uma nave interdimensional. A bordo, encontram Magolor que imediatamente pede ajuda para recuperar os destroços da nave e regressar à sua dimensão de Halcandra. A premissa é bastante inócua, com uma reviravolta engraçada a caminhar para o final. E exclusiva a esta versão, temos ainda um epílogo adicional que nos permite jogar com Magolor numa breve aventura para recuperar os seus poderes – um bombom para veteranos e para quem vai começar esta aventura pela primeira vez.
Podemos dizer que não jogamos Kirby pela história, mas pelas mecânicas e pela diversão que tiramos das poucas horas passadas a saltar ou a inalar bonecada para lhes roubar as habilidades, mas ajuda-me ter um fio condutor, mesmo que me conduza por lugares comuns e pouco ou nada originais. É secundária, mas dá ainda mais cor a esta série.
Agora vou falar contra mim: Kirby’s Return to Dream Land Deluxe é tudo menos tradicional e seria desonesto colar-lhe esse rótulo, uma vez que até tem um gimmick interdimensional ou ocasiões, onde rasgamos o nível para aceder a outros paralelos. Um detalhe que contribuiu imenso para a exploração e para voltarmos aos níveis para coleccionar tudo e mais alguma coisa. De facto, estes mapas vibrantes, que não devem nada no ecrã das OLED, estão repletos de detalhes e segredos que puxam à curiosidade e à exploração através dos muitos fatos que vamos vestindo. Apenas é chato descobrir uma determinada passagem e não ter o necessário para a abrir. As repetições dos confrontos a meio dos níveis foi outro detalhe menos bom…

Se é uma aventura que começa fácil (prefiro acessível), não se preocupem que os segmentos finais pegam bem. E mesmo que não pegassem, estaria completamente na boa porque, para mim, há algo de relaxante nestes jogos para fugir de outros mais soturnos e realistas. Eu quero é ir sempre a abrir e levar tudo à frente.
Por outro lado, esta simplicidade não nos prende mais do que o necessário porque há muito que fazer, desde salas com bastantes minijogos e outras actividades cooperativas, onde controlamos até quatro amigos do Kirby ou diferentes variações do protagonista para que possamos todos brincar aos disfarces. Estão a ver? Afinal, havia mesmo minijogos – boa tentativa, Satanás rosa!
Mas entendo tão bem porque querem todos jogar com o Kirby; pelo absoluto caos que é dominar a extensão do seu poder, desde o controlo dos elementos às transformações mais bélicas que o levam a empunhar um vasto arsenal. Se ainda acham que o Kirby é pela paz, não estamos a jogar ao mesmo. E continuamos a dizer que Return to Dream Land é básico? Errado, porque aqui temos duas variações aos seus poderes, a Super Inalação que lhe permite engolir objectos maiores para os cuspir de volta e as Super Habilidades, variações ligeiramente maiores e com o poder para destruir até o cenário; é verdade, eu cortei um vulcão ao meio!

No final, é difícil não recomendar esta edição. Desde a pincelada HD e nova forma de contar a sua história em banda desenhada, aos temas musicais adoráveis; e sem esquecer os mimos que enriquecem esta edição. Pode não apelar aos que já esperam o sucessor de Forgotten Land, mas quem descobriu a série recentemente e pretende conhecer mais, tem aqui uma edição de luxo. Quanto a mim, espero continuar a ser distraído e deslumbrado com estes lançamentos surpresa. E enquanto o Kirby continuar na sua jiga ao som do tema emblemático, tudo está bem neste mundo e no seu.
Código cedido pela Nintendo Portugal