Na Minha Cama com a PSX

É isso: conseguimos!, uma parte do backlog físico já se foi. Não que tivesse muitos jogos da consola, mas entre desafios e experiências e jogos curtitos, foi bom pintar as linhas a verde.
Não quer isto dizer que a porta da PSX esteja definitivamente fechada, pelo contrário! Existem muitos jogos, especialmente JRPG que tenho de jogar antes de bater a bota. Idealmente, se saíssem remasterizações ou ports, seria um não-problema porque podia jogar numa Switch. Enquanto tal não acontece e muitos ficam perdidos no éter, posso sempre visitá-los antes de decidir expandir a colecção física. Se bem que dar um rim por aquele jogo PSX ou outro não esteja nos meus planos (felizmente).
Apesar de o Dino Crisis, que podem ler aqui, ter sido o último, já tinha despachado o grosso antes do desafio de Halloween – com um saldo positivo de vitórias e uma derrota que sairá da colecção. E é esta a lista: Covert Ops: Nuclear Dawn (Chase the Express); The X-Files Game e Koudelka. Estão a ver? Eram poucos, até parecia batota.


Vamos começar pela derrota: The X-Files Game.
Tenho imensa pena de escrever a palavra derrota porque o único defeito foi não me ter divertido. A minha relação com este jogo é uma que se repete muitas vezes com os jogos da era PSX. Descobri-o numa revista, li o guia de fio a pavio e fiquei com a sensação de que o tinha jogado. Lá está, como se tivesse assistido a um Let’s Play!
Depois, o meu contacto com a série era muito às escondidas porque dava tarde e eu tinha horas de ir para a cama, mas lembro-me muito bem de um episódio que adorei de morte. Sem gozar, era um com zombies. Anos mais tarde, tentei ver a série por ordem, mas os melhores episódios eram, sem dúvida, os da mitologia. O resto que abordava o monstro da semana era muito 8 ou 80, com vários 8 na escala de aborrecimento. Eu quero voltar à série, mas desta vez com um guia dos episódios principais. Acredito que a série seja realmente boa, mas também é realmente dos anos 90 a esticar uma corda com mais de vinte episódios por temporada.

Voltando ao jogo! The X-Files Game decorre ali pela terceira temporada da série, mas com a nossa dupla desaparecida. Para os encontrar, controlamos o agente Craig Willmore que vai colaborar com as várias caras conhecidas da série para desvendar o mistério da falta de orçamento para contratar Duchovny e Anderson.
Na altura, adorei ler sobre este jogo e ansiava por sair da minha zona de conforto e explorar este género de aventuras gráficas com FMV filmados com um elenco real. Quando comecei, houve algo que me surpreendeu mais: a liberdade. Podíamos fazer imensa coisa, até. Prendi o Skinner e ainda lhe dei um tiro; intimidei as minhas testemunhas e também experimentei a arma. Óbvio que isto dava direito a um Game Over, mas ainda assim? Folhear as provas, diários e notas para descobrir números de telefone, ligar manualmente e falar com as pessoas; cada personagem a reagir aos nossos comportamentos que vinham em três sabores: brincalhão, agressivo ou neutro era fantástico.

Só que quando o deslumbramento passou, reparei que não me estava a divertir como imaginava que ia. Não era um problema com o jogo, mecânicas ou visuais, era um problema muito meu e de falta de paciência para andar a lutar contra os controlos. Passava mais tempo às voltas e a clicar no mapa do que a jogar. Sem dúvida, que este jogo é mais bem aproveitado lido ou assistido como um episódio/filme do que jogado.
Existe outro jogo da série, The X-Files: Resist or Serve mais virado para o terror tradicional e talvez goste mais desse quando regressar à série.

O próximo: pensem num híbrido entre Resident Evil e os filmes Under Siege, The Rock, Die Hard ou Air Force One – o resultado será um Covert Ops: Nuclear Dawn (Chase the Express), ou apenas Chase the Express, com todo o camp e cheese que os blockbusters de ambos os géneros artísticos conseguem ter.
Embora troque os zombies por terroristas, este jogo tem de tudo e ainda mais qualquer coisa, como corredores claustrofóbicos, algum gore e violência pixelizada, contagens decrescentes, vilões cliché com discursos tolos, situações e diálogos que vão do ridículo ao épico. E ao contrário do jogo de cima, diverti-me para caraças! Em parte, pelo meu fraco por histórias de heróis solitários contra todas as probabilidades.

Os vilões mais batidos da Europa do Leste sequestram um comboio a alta velocidade, onde o embaixador francês Pierre Simon viaja com a sua família. A bordo, também se encontram ogivas nucleares e para que tudo corra bem, os terroristas exigem bastante dinheiro e uma fuga em segurança.
A primeira investida da NATO corre muito bem e o nosso protagonista, Jack Morton é o único sobrevivente e esperança do mundo livre. Por corredores apertados, elevadores de cozinha, dormitórios e diversas carruagens até pelo exterior, avançamos ao murro e com munições limitadas. O jogo é curtíssimo porque uma viagem de comboio não dura assim tanto, mas tem vários desfechos que puxam à exploração, à resolução de puzzles e à interacção com as personagens certas e de confiança. O ponto menos bom desta aventura, foram os bosses entre capítulos com zero desenvolvimento, mas a reviravolta? Bem, se viram muitos dos filmes acima, nada será novidade, mas será uma viagem repleta de adrenalina e tensão!

O último: Koudelka! Sabia pouco deste jogo até o encontrar numa feira da bagageira que, até à data, julgava ser da FromSoftware. Não é, é da Sacnoth que continuou esta entrada com os Shadow Hearts que agora tenho de jogar.
Não estava nada preparado para o que me esperava – um JRPG de terror e conhecer zero de Koudelka contribuiu ainda mais para o meu deslumbramento, mas o que me surpreendeu foi a prestação dos três protagonistas, com um trabalho de voz e de animação que não esperava ver num jogo PSX. Ou que não me lembrava de ver, vá.

Neste jogo, exploramos um mosteiro abandonado que chama a protagonista Koudelka através de uma visão. A ela, junta-se o explorador Edward, que dispara primeiro e pergunta depois, e o padre James que ainda vai tendo alguma fé na humanidade. Se parece o início de uma anedota, é porque o é porque este grupo não se entende, discutindo amiúde entre os momentos mais tensos.
O enredo sobrenatural e o elenco são a melhor parte deste jogo, deixando-me indeciso com o sistema de batalha. Um sistema táctico e por turnos bastante lento, que me fez acelerar a emulação. Podemos equipar cada personagem com uma arma ou abrir até ao final a esmurrar demónios, enquanto as restantes desenvolvem as suas afinidades mágicas.
O jogo tem alguns detalhes engraçados, como o desbloqueio de save points normais após a derrota de bosses sobre água benta ou o acesso a save points temporários em salas específicas (basta estar atento ao nome da divisão!); os atributos desenvolvem-se com a frequência de utilização, apesar de as personagens terem as suas especialidades; tem puzzles interessantes; alusões e citações de autores de terror clássicos e um ambiente imersivo, gótico que não dispensa dos seus fantasmas. E o melhor? Para vencermos o jogo, temos de perder contra o boss final estupidamente difícil! É possível vencê-lo e eu nem tive muita dificuldade no resto, mas desisti e fiquei-me pelo final normal que dá continuidade à série. Supostamente, os outros são maus? Sei lá, é tudo tão deliciosamente estranho.

E pronto, fechei a lista de PlayStation até ter algum vagar para os Xenogears, Valkyrie ou Lunar desta vida. Até breve!

Advertisement

Deixe uma Resposta

Preencha os seus detalhes abaixo ou clique num ícone para iniciar sessão:

Logótipo da WordPress.com

Está a comentar usando a sua conta WordPress.com Terminar Sessão /  Alterar )

Facebook photo

Está a comentar usando a sua conta Facebook Terminar Sessão /  Alterar )

Connecting to %s

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.