The DioField Chronicle | GLITCH REVIEW

The DioField Chronicle podia ter saído daquele gerador de nomes de JRPG do Canelo que ninguém daria por nada, mas é mesmo um jogo que decorre na ilha DioField. Portanto, aí está: não estou a inventar nada.
É também a nova aposta da Square no género dos RPG tácticos, num cenário de fantasia medieval europeia, com diálogos muito britânicos, conspirações políticas e religiosas e que mete cristais ao barulho – o que adoro sobremaneira, mas que não adorei neste jogo. Na verdade, achei-o um pouco aborrecido quando o deslumbramento passou.
Tal como em Wargroove que experimentei há anos, ambos os jogos começaram muito bem, mas o fôlego da sua narrativa e jogabilidade fugiu-lhe horas após as missões iniciais.

Porque uma história é tudo para mim, não escondo a desilusão de como optaram por a transmitir, com uma exposição exagerada e narrada pelo Geralt of Rivia. Fiquei com a sensação de que concentraram as melhores partes do conflito nestes interlúdios, deixando-nos com os restos mais insossos da narrativa. É tudo tão rápido e confuso, com nomes, locais, terminologia e mitologia a serem debitados para não terem tanta importância. E se quisermos saber mais, a base dispõe de uma biblioteca com todos estes detalhes. Porque nada grita escrita de qualidade como passar horas na Wikipedia para sabermos em que pé estamos no jogo.
Apesar de os acontecimentos serem em grande escala, o foco está no nosso bando de mercenários Blue Foxes, que começa num trio e vai expandido ao longo dos capítulos, com as diversas personagens a representarem as suas classes. Entre as várias missões, podemos interagir com estes camaradas na base e com os demais para desenvolver as infraestruturas ou abrir missões secundárias que podem ir desde uma simples conversa às típicas missões de combate ou fetch quests. Tirando uma ou outra excepção, são todas tão descartáveis com personalidades de uma resma de papel.

No reverso da moeda, temos o combate que tenta carregar o jogo. DioField foge às tradicionais grelhas e aos turnos de xadrez para agilizar o género táctico, com um combate em tempo real que se assemelha mais a um Diablo do que ao recente Triangle Strategy.
No início de cada batalha, escolhemos os quatro mercenários, com a possibilidade de serem acompanhados por outros quatro elementos que emprestam as suas habilidades para um melhor equilíbrio bélico. Habilidades estas que não estarão associadas a uma progressão lógica por níveis, mas às armas equipadas. Não sei se fiquei fã da mecânica, uma vez que levanta outras questões, como o gastar dinheiro e recursos para desbloquear melhores armas, comprar essas melhores armas e praticar uma gestão inteligente na hora de iniciar outra missão.

Como mencionei acima, DioField afasta-se das grelhas nos cenários de combate para optar pelo movimento livre, onde podemos controlar o grupo na sua totalidade ou apenas uma unidade para a posicionar e flanquear o adversário. Cada personagem ataca automaticamente ao avistar o inimigo, mas somos nós que recorremos às habilidades especiais que terão de carregar para serem novamente utilizadas; mesmo a utilização dos itens é limitada para evitar o spam, mas a sua utilização é expandida à medida que evoluímos o grupo, a base e as respetivas infraestruturas.
Apesar destes elementos, o jogo é acessível e acaba por ser demasiado fácil, limitando-se a uma estratégia básica: rodear o adversário, atacar e aguardar que a barra de summon encha para limparmos as sobras ou recuperarmos a equipa para repetirmos os primeiros passos. E foi aqui que senti a coisa estagnada, provavelmente um grande mea culpa… Se existe uma luz ao fundo do túnel é que as missões são curtas, mas contem com algumas repetições porque os recursos são escassos e vamos precisar de muitos para desenvolver os atributos já mencionados.
É um golpe baixo para expandir a longevidade artificialmente, em vez de ser com uma narrativa sólida e envolvente.

Uma das razões pela qual adorei o Triangle Strategy e os antigos Fire Emblem é que me fizeram importar com os protagonistas. Mesmo o longínquo Final Fantasy XII com um foco bastante político tinha um elenco fantástico e real que era afectado por esse foco. Não o senti aqui.
Na verdade, avancei de missão para missão sem me importar com alguém, apenas com o propósito de vos escrever uma análise. O que é uma pena, porque o jogo também se destaca pela sua apresentação e visuais, tanto os das personagens, como os das ilustrações que acompanhavam a narração. E a banda sonora a cargo de Ramin Djawadi e de Brandon Campbell (de Game of Thrones) merecia melhores momentos e mais épicos.

Repito o que fui lendo por aí: este jogo tem ares de ser uma demo experimental do que outra coisa e se for para continuarem, porque devem, acredito que mais orçamento e mais feedback ajude a limar as arestas desta primeira entrada porque também há detalhes muito bons, como o facto de termos um controlo total sobre a câmara durante as batalhas e a possibilidade de podermos acelerar a ação.
E em relação ao desempenho: joguei a demonstração na Nintendo Switch com os problemas usuais da consola, como a baixa resolução, mas em nenhum momento, parado ou caótico, senti a consola a dar de si. E analisei a versão completa na Steam Deck, onde pude personalizar a experiência e alternar entre uns 60 FPS instáveis e uns 30 estáveis, onde joguei. A resolução também foi ajustada para estar uns furos acima da versão da Nintendo, mas o ponto a frisar aqui é que este The DioField Chronicle pede e está feito para ser jogado numa portátil.
Apesar do que escrevi e da tímida divulgação do estúdio, se forem fãs do género e o apanharem numa promoção jeitosa, será para aproveitar.

A escala utilizada é de 1 a 10

Código cedido pela Ecoplay.

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