Slipstream | GLITCH REVIEW

Por: Octávio Silva

A crescente presença de videojogos, especialmente indie, que procuram prestar homenagem a jogos dos anos 80 e 90 tem sido um fenómeno cada vez mais comum na indústria. Desde os boomer shooters, a remasters de jogos antigos, estes lançamentos consecutivos têm sido, para alguém que nasceu nos anos 2000, uma experiência divertida e fascinante que me deixa depreender como estas ideias foram executadas face às limitações que enfrentaram há décadas atrás. Óbvio que destas limitações nascem formulas cativantes e o OutRun é um desses exemplos O simples formato de conduzir e desfrutar do trajeto com estradas que aumentam ou reduzem a dificuldade, ressoou com vários jogadores na altura. Como seria de esperar, vários jogos inspiraram-se na fórmula, como Slipstream, que, décadas depois, recupera a mesma sensação de velocidade e destreza. 

À primeira, Slipstream pode parecer apenas mais um jogo que adornou o estilo de OutRun, sem nenhuma distinção a não ser o estilo visual, mas a sua aposta em mecânicas únicas e um gameplay loop absorvente tornam-no num dos melhores jogos a utilizar dita fórmula como base e encontrar a sua própria voz.

Mecanicamente, o jogo é bem simples nos seus controlos — que podem ser prsonalizados livremente — e na jogabilidade nos vários estágios, convidando qualquer categoria de jogador de braços abertos. Contudo, a verdadeira magia repousa nos pequenos elementos que os jogadores devem prestar atenção, como as categorias de carro que afetam a tua performance no jogo, os rivais, e os seus três elementos mais importantes: derrapar, rebobinar à la Forza Horizon, e o titular slipstream, que quando juntos tornam corridas empolgantes.

Derrapar exige técnica e podemos fazer comparações à série Ridge Racer no que toca à sua utilização, que se resume à utilização do travão e posicionamento do veículo. Admitidamente, isto é mais difícil de executar do que parece e requer prática para aperfeiçoar, mas, felizmente, o jogo reconhece que os jogadores que poderão ter dificuldades, devido a uma incapacidade física ou não conseguirem agarrar a mecânica a 100%, e oferece a opção de executar esta mecânica automaticamente. Similar a Forza Horizon, o jogo permite recuar até cinco segundos para corrigirmos erros cometidos e acreditem quando digo que o uso desta funcionalidade será frequente. Por fim, temos a técnica slipstream, ou cone de aspiração, onde temos de posicionar-nos por detrás de carros para podermos ganhar mais velocidade devido à pouca pressão de ar presente entre os carros, sendo super comum em corridas de Fórmula 1. O mesmo acontece neste jogo, com vários indicadores presentes a demonstrarem o efeito do truque. Estes três elementos introduzem um ato de balanço não presente em jogos destes estilos e muitas das vezes variam o desempenho de corridas.

Estes elementos ganham vida em pistas fantásticas reminiscentes de algumas pistas do OutRun, e, em simultâneo, introduzem algumas que não são super comums, como cidades, praias, docas e muito mais. Dentro destas pistas também temos fatores dinâmicos que influenciam a nossa posição, como trânsito, sinais e cantos que podem fazer com que o carro tombe durante um curto tempo. Embora partilhem a simplicidade na sua estrutura, visualmente as pistas são deslumbrantes, radiando com a energia dos anos 80. Também existem pistas secretas que não quero arruinar a surpresa. Falando em visuais, o jogo contém uma data de filtros que podemos usar e um dos filtros que me chamou a atenção é o filtro NTSC, reminiscente de TV antigas que reduzem a profundidade das cores, sendo bastante nostálgico.

Temos vários modos ao nosso dispor, como corridas rápidas; um modo Battle Royale, que acaba por funcionar e é super divertido; e o famoso Grand Prix, com três copas presentes. É despontante o facto de o jogo não ter funcionalidades online, apenas local, mas tendo em conta que o jogo foi maioritariamente feito por uma pessoa e os custos de manter um servidor ligado, é completamente compreensível a falta deste aspeto.

Outro aspeto forte é a música, com um foco primário em géneros de synthwave e vaporwave, não só nos menus como em corridas — que, já agora, o jogo deixa-no escolher a qualquer momento —, permitindo-nos selecionar o tom de cada momento/corrida.

Tendo em conta as pequenas e grandes peças que realçam este pacote, Slipstream acaba por ser um jogo divertido quer queiramos um desafio ou relaxar conforme as nossas necessidades. Recomendo fortemente que deem uma vista de olhos.

A escala utilizada é de 1 a 10

Código cedido pela Blitworks.

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