Não vos vou mentir, batalhas no espaço nem sempre foram as minhas favoritas, especialmente quando as únicas espécies presentes são os Humanos depois de acharem boa ideia continuar, para lá da atmosfera, o trabalho feito no planeta Terra. Mas claro, junte-se a isto uma boa história e no caso dos jogos, uma boa jogabilidade, e aí até posso dar uma hipótese. Foi o que fiz com Chorus, o jogo de batalhas espaciais que a Deep Silver publicou no fim de 2021.

Nara e a sua nave Forsaken seguem no mundo aberto de Chorus com um simples objetivo: destruir o maquiavélico profeta que quer dominar nada mais nada menos que o Universo, não se contenta com uma galáxia ou outra, tem que dominar toda a existência. Mas nada a temer, Nara é das melhores, se não a melhor, piloto e a única que pode ajudar a salvar o universo.
Ainda não tinha passado uma hora da minha experiência com Chorus e já tinha percebido que o jogo, provavelmente, não era para mim. Claro que os primeiros passos foram para descobrir como pilotar a Forsaken e como descobrir as missões, mas, mesmo assim, havia qualquer coisa que estava em falta. De missão em missão descobri um jogo com muito para fazer, entre missões principais e secundárias, e onde o upgrade da nave é essencial para conseguir progredir a bom ritmo.
Chorus é um círculo. Faço uma missão, faço outra missão, faço upgrade à Forsaken, faço uma missão, outra missão e mais upgrades. Depressa se tornou repetitivo e o facto de só conseguir ter a primeira cutscene minimamente importante para aí uma hora e meia depois de ter começado não ajudou em nada. Por momentos, senti que estava a jogar Space Invaders, mas um pouco mais aborrecido.
Mas repetição à parte, porque até percebo que não haja muito para fazer no Infinito Universo (para além de o salvar), uma das coisas que mais me chateou foi olhar para um mundo tão bem criado, cheio de detalhes fantásticos, com explosões e batalhas espaciais dignas de qualquer um dos maiores franchises galácticos para depois não conseguir destruir uma simples pedra. Sim, é isso, os únicos objetos que podem ser destruídos são aqueles que fazem parte das forças inimigas. Mais uma vez percebo que pode ser chato destruir uma estação espacial com pessoas lá dentro, mas daí a não conseguir destruir uma pedra que está entre a nave que controlo e a nave que quero fazer explodir vai um grande caminho.
É uma pena que exista esta falta de liberdade já que acaba por fazer com que o estado de imersão não seja o melhor. Nunca me senti verdadeiramente no jogo e nem foi pelo facto de ser na terceira pessoa, foi mesmo porque o mundo acabou por parecer falso. Reparem, não faz sentido conseguir destruir uma nave com toneladas de metal e não conseguir destruir uma pedra do tamanho do cabo carvoeiro.

Calma, isto está um quanto negativo, mas também existem coisas que Chorus faz bem. Toda a experiência de jogo num PC, onde o elemento mais fraco é o GPU (RTX 3060 12GB), foi bastante agradável, não existiram quebras de frame rate e a notabilidade foi fluida do início ao fim sem qualquer tipo de problema técnico. Mesmo os ecrãs de carregamento passaram-se rápido e a jogabilidade é intuitiva ao ponto de deixar satisfeito qualquer fã de batalhas espaciais… até porque Chorus é mesmo isso: uma enorme, e bem feita, batalha espacial entre a nossa nave e os seus inimigos.
Por fim, quero dizer que embora não consiga recomendar Chorus a quem procura um jogo com capacidade para nos fazer mergulhar na história que quer contar, consigo fazê-lo a todos aqueles que são fãs de batalhas com explosões intensas e movimentos rápidos, que apenas querem entrar na nave, aniquilar inimigos e voltar à vida real sem nunca criar laços com as personagens que nos vão sendo apresentadas. Chorus é um jogo simples que depois de o jogar depressa ficará no esquecimento, o que é pena, pois teria capacidade para ser muito mais.

O código para análise (PC) foi cedido pela Ecoplay.