Adeus No Man’s Sky

Dizer Adeus não é fácil. Mesmo quando se trata de um jogo. Mas por vezes, para a nossa sanidade mental, para nos libertarmos das amarras daquele peso que nos chama, atrai constantemente e interfere com novas experiências em novos jogos ou em títulos do nosso backlog, dizer Adeus é uma necessidade.

De tempos a tempos, gosto tanto de um jogo que mesmo após o completar não o desinstalo na expetativa que surja de novo interesse para o repetir ou continuar o seu endgame. Há ainda os casos em que instalo e desinstalo compulsivamente para mais uma run, como é o caso da saga Mass Effect e The Witcher 3, na esperança de fazer decisões diferentes do passado. Contudo, o burnout é real e o entusiasmo em entrar nestes jogos perde-se facilmente e cresce o desejo impossível de esquecer tudo.

Um pedacinho de No Man’s Sky ainda antes das suas atualizações drásticas.

Hoje, o mais recente caso em que preciso de me despedir para bem da minha saúde é No Man’s Sky. Um dos jogos que mais antecipava jogar no inicio da geração, um dos jogos mais mal recebidos da geração, um dos jogos que mais evoluiu esta geração e, provavelmente, um dos jogos onde investi mais tempo nesta geração.

No Man’s Sky foi sem dúvida alguma o jogo que low-key me acompanhou mais tempo durante esta geração. A PlayStation fez questão de me dizer a certa altura que tinha gasto mais de 230 horas no jogo (algo que é absurdo tendo em conta a quantidade enorme de jogos a que dedico tempo no meu dia a dia) e mesmo assim continuei a explorar mais planetas e sistemas, não só na PlayStation 4, como no PC e na Xbox One, graças ao Xbox Game Pass.

Não sei o que é mais bizarro, as 236 horas que voaram em No Man’s Sky, ou o facto de naquele período o Fortnite ser o jogo mais rodado na minha PlayStation 4

Posso dizer que acompanhei desde muito cedo a evolução de No Man’s Sky. Literalmente desde o seu lançamento original, que foi celebrado com mais amigos numa direta regada a vinho e muita paródia – onde tentávamos perceber afinal de como é que se jogava –, até ao mais recente update que parece fazer finalmente justiça aos conceitos apresentados em 2014.

A cada nova atualização, a minha ligação ao jogo era maior e houve mais interesse em explorar as suas novidades, mas ao mesmo tempo o fastio e o aborrecimento de ter que aprender novas mecânicas e sistemas de gestão foram desgastando o meu gozo pelo jogo.

No Man’s Sky e as suas atualizações, apesar de excelentes, começaram a tornar a nossa relação mais tóxica que um planeta recheado em Fungal Mould e com atmosfera agreste, pois começou também a interferir com o progresso noutros jogos, que se atrasavam a cada hora que passava a explorar mais um sistema a bordo da minha à procura de recursos para minha próxima base ou para completar novos objetivos que obrigavam a sistemas complexos de farming de itens. Em suma, tornou-se um problema.

Com a mais recente atualização, senti tudo isto e um burnout extremo, ao ponto que comecei a tentar limpar o meu inventário com itens que já guardava há 5 anos e, de forma mais extrema ao criar um novo save game.

E foi aqui que me caiu a ficha. Se já não me oriento com o que progredi no jogo e estou a sentir que caí novamente numa espiral tão infinita como a extensão do jogo, começar do zero e reaprender tudo com as novas regras e mecânicas de jogo, só iria tornar esta relação ainda pior.

O meu tempo com No Man’s Sky foi excelente. Foi o escape necessário para alguns momentos mais chatos da minha vida nos últimos anos, foi uma ferramenta para alguns dos meus hobbies favoritos nos videojogos, a fotografia digital, e foi até a cura para a minha ansiedade e hype descomunal por futuros jogos.

Mas agora está na hora, na hora do adeus, mesmo a tempo do final desta geração onde espero encontrar novos jogos, aventuras e vícios memoráveis.

Daqui é o Capitão David, signing off.

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