Não é a primeira vez que falamos em Minecraft Dungeons. No lançamento, a Vanessa aceitou o desafio de enfrentar as horas de esqueletos e mortos-vivos na sua análise, concluindo que é uma excelente porta de entrada para o género e um bom jogo cooperativo para pais e filhos. Meses depois, a Microsoft e a Mojang continuam a apoiar o RPG de ação com atualizações e expansões que adicionam novas missões e zonas ao jogo. Com a chegada da Hero Edition às lojas, a pergunta levanta-se: Minecraft Dungeons ainda vale a pena?
Há uma aura hipnotizante na estrutura de um bom RPG de ação. Desde a sua estória até ao ritmo de combate e ao foco na evolução e na descoberta de melhores equipamentos e armas, os jogos agarram-nos durante horas e exigem uma atenção interessante que se multiplica pelas expansões e modos cooperativos. Minecraft Dungeons quer emular essa mesma estrutura, mas opta por um mundo dividido por níveis, onde a ação é concentrada a um acampamento central – ou HUB – onde podemos escolher as missões que queremos concluir e a sua dificuldade: que determinam o valor e raridade dos itens que encontramos. É, tal como a Vanessa já havia dito, uma condensação do género às suas mecânicas mais importantes e ao foco no combate e na cooperação, mas senti falta de um mapa mais extenso e interligado.
Os mapas são surpreendentemente extensos e apresentam caminhos alternativos, segredos e desafios adicionais. Apesar do estilo cúbico da série, os cenários são de leitura fácil, com a câmara isométrica a dar-nos uma visão clara sobre a ação. A sua disposição muda de partida para partida, uma clara influência do género roguelike, mas os pontos de interesse mantêm-se sempre iguais. Existem muitos pontos positivos, mas acabei por aborrecer-me com a navegação simplista e com a repetição de design. Os mapas são muito mais lineares do que deviam ser, mesmo com os desvios na campanha, e as arenas não oferecem grandes oportunidades de estratégia, focando-se muito mais no combate frontal e na utilização de armadilhas. Esta decisão talvez seja uma repercussão da aposta na aleatoriedade de design e na cooperação, mas a solo, tanto a navegação, como o combate perdem rapidamente a magia.

Minecraft Dungeons tenta dar variedade aos jogadores e a verdade é que existe alguma personalização dos heróis, utilizando um sistema de encantamento que permite evoluir os padrões de cada arma e equipamento. Existem também habilidades únicas, que recolhemos nos níveis ou adquirimos nas lojas, que dão aos jogadores a oportunidade de melhorar o ataque e efetividade das setas, invocar animais, usar canas de pesca, a habilidade de curar pontos adicionais de vida e usar magias. Estes elementos funcionam perfeitamente em conjunto, há uma certa harmonia na simplicidade das suas mecânicas, mas a surpresa desvanece desde cedo e nunca volta.
O combate também não é profundo. É certo que o foco está na aquisição de equipamentos progressivamente mais poderosos, mas os confrontos são básicos. As armas não são muito entusiasmantes, não há longevidade na sua utilização e a ausência de um controlo de mira, num sistema próximo de um twin-stick shooter, prejudica o combate à distância. Compreendo o seu foco numa experiência mais linear, mas não vejo grandes motivos para regressar mesmo com as próximas expansões. Se calhar estou a ser injusto e a não compreender o ritmo da jogabilidade, mas Minecraft Dungeons parece ser dos títulos mais descartáveis de 2020.

Posso concluir que a nova aposta da Mojang não é para mim. Preciso de algo mais convincente e mecanicamente desafiante para me agarrar a um RPG de ação, e não foi o que encontrei em Minecraft Dungeons. Se sentiram o mesmo, aconselho-vos a jogar sempre numa dificuldade acima da recomendável, talvez aí consigam retirar algo do jogo. Relembro que já está disponível a Hero Edition, agora em formato físico e a versão analisada, que traz incluídos os extras Hero Cape, duas skins e Chicken Pet, eos DLCs Jungle Awakens e Creeping Winter.
A cópia para análise (PS4) foi cedida pela Ecoplay.