Yakuza 5 foi o “vai ou racha” da série por aqui no ocidente.
Com um lançamento amuado apenas em formato digital, só viu uma edição física aquando do lançamento das versões remasterizadas na PS4 – com direito a uma caixa da PS3! Felizmente, foi um grande “vai” e a série explodiu por cá. Quer dizer, a série já tinha explodido, só que os iluminados da SEGA achavam que não gostávamos, apesar das petições e súplicas. Depois do sucesso estrondoso do quinto capítulo, o sexto capítulo saiu com campanhas de marketing brutais, pecando apenas por demorar a sair… Ainda esperamos o Yakuza 7. Sim, e as aventuras do Kiryu samurai, mas isso são outras histórias.

Tenho a dizer que é um dos meus jogos favoritos, mas não pela razão que estão a pensar.
Infelizmente, os pecados do Yakuza 4 são repetidos neste jogo: não só temos cinco personagens jogáveis como também visitamos cinco cidades, ufa! E agora pensam, então mais não é melhor? É sim!, mas também me lembro do conselho do grande Ron Swanson, Never half-ass two things, whole-ass one que assim de cabeça quer dizer: não façam duas coisas pela metade, façam apenas uma coisa, mas com a palavra rabo à mistura. Quantas mais coisas tivermos em mãos, menos atenção prestamos e com cinco personagens e cidades, algumas coisas tiveram de ficar pelo caminho por falta de foco/tempo/meios, seja. Mas… e ao contrário do Yakuza 4, este 5 até teve uma excelente história! E foi fantástico jogar com quatro das cinco personagens, cada uma com o seu fio condutor e miríade de actividades!
Para além do eternamente presente Kiryu, que vive uma vida de taxista (sim, podemos conduzir!), temos os favoritos Akiyama e Saejima de volta, Tatsuo Shinada que é tão interessante como o polícia do quarto jogo e que acabou por sumir da série. Cinco, disse? Pois, a última personagem é a nossa Haruka, veterana da série e jogável pela primeira vez. Aqui entre nós, eu jogava um jogo só com ela. E não é só porque é uma miúda gira, é porque a campanha dela não envolve lutas, mas… dança? Dança!

Apesar de correr no mesmo motor de jogo (apenas o de gráficos é novo), nota-se uma evolução a passos largos das prequelas, tanto que já podemos conduzir ou martelar os controlos numa coreografia à lá Dance Dance Revolution e houve várias alturas em que desejei que tivessem lançado um jogo individual só para o bailarico, até podia ser para telemóvel! Há algo em mim que fica fascinado com pessoas a dançar música pop, principalmente música pop japonesa, acho que nunca vou crescer dessa fase. O palco estava montado para eu não avançar no enredo e ver o final do jogo, mas quando me arranquei do concurso de dança e respectivas intrigas, encontrei uma história de qualidade que desde o início nos vai fazer pensar e duvidar bastante. Não fosse a longevidade do 5 e os momentos que se arrastam no meio, este é um excelente jogo para se jogar várias vezes para irmos apanhando as dicas das revelações finais. Só não façam como eu e não espreitem as outras pessoas a jogar porque assim estragam tudo. Mas, e é um grande mas, consegui reconhecer que foi tudo tão bem orquestrado. Vamos lá falar um bocadito da história em vez de estar para aqui a mandar indirectas.
Estamos novamente na altura do Natal porque Yakuza é o Die Hard nipónico ou o Kiryu é o Kevin McCallister abandonado à sua sorte num mundo de vilões. O líder da Aliança Omi, Tsubasa Kurosawa, está prestes a deixar este mundo, queimando as últimas pontes de uma trégua com os Tojo numa novela de ódio e conquista interminável. E quando um líder está para desaparecer, os ratos saem dos buracos para ocuparem o lugar a vagar. Perante uma guerra iminente, Daigo, dos Tojo, decide reforçar o seu poder, recrutando aliados noutras famílias de yakuza até que… algo acontece. E o que acontece vai ter de ser desvendado ao longo de cinco cidades, com cinco personagens que, de alguma forma, vêem os seus destinos cruzados.

Apesar de ter gostado muito deste Yakuza e de reconhecer que aprenderam algumas lições com o 4, não posso deixar de ficar triste com o tratamento de algumas personagens, principalmente do Majima, um favorito. Felizmente, o 0 e o Kiwami 2 saíram depois para o vingar, mas com um elenco de personagens jogáveis a crescer, é normal que isto fosse acontecer. E a história do antigo jogador de baseball foi aborrecida tal como a do polícia, podendo dar lugar a outras mais interessantes ou a um jogo mais curto, mas sólido.
E sente-se que o ritmo engonha um bocado assim para o meio do jogo quando pensamos que já estamos no fim, mas não! Mais uma personagem… O jogo lá injecta uma dose de novidade em cada parte que até nos esquecemos das menos boas.
As missões secundárias são imensas e variadas, as actividades de lazer e os jogos arcadas estão lá para enterrar horas e horas de jogo e, claro, vou voltar ao mesmo: a dança, os concursos de dança, as rivais e todo o drama do mundo do espectáculo; os combates aleatórios já não são com porrada das antigas, mas com passos de dança e uma dificuldade crescente até encontrarem o verdadeiro Lord of the Dance!
E foi com este Yakuza 5 que terminei a minha maratona de Yakuzas na PS3, deixando o sexto e último capítulo (na altura) à minha espera com dois copos de uísque que vieram na edição especial porque eu sou especial, mas de corrida.
Agora perdoem-me que vou curtir a banda sonora do capítulo da Haruka.