Na semana anterior foi a minha última de baixa e fui passear ao mundo digital dos Digimon e jogar algo melhor dentro da oferta de coleccionar monstrinhos para combater.
Falo do Cyber Sleuth Complete Collection, claro. Da série que me fez faltar às aulas para ver os últimos episódios e ter sentimentos.

Tenho a perfeita noção de que me faltam mais temporadas para terminar a biblioteca de Digimon, mas tendo chegado a meio só tenho um comentário: uau, como diabo isto não tem mais fama do que a série da concorrência? E eu vi as primeiras temporadas da outra aquando da minha febre pelo amarelo e pelo dourado.
Opiniões à parte, uma confissão: este foi o meu primeiro jogo Digimon, portanto não poderei comentar a qualidade dos que vieram antes, mas a minha opinião deste Cyber Sleuth é: uau, como diabo isto não tem mais fama do que a série da concorrência?
E eu joguei a série da concorrência vezes suficiente para concluir que pouco ou nada mudou desde o primeiro jogo no tijolo portátil da Nintendo. E gostei! Gostei tanto que surripiei algum dinheiro para comprar a nova versão assim que saiu na minha terreola, mas desde então que me aborrecem de morte…
Convenhamos, Pokémon é a miúda popular do liceu.
Todos a cobiçam e a querem convidar a sair, ir ao cinema e dar a mão até à hora do jantar. Digimon é a nossa melhor amiga (digital), a amiga que gosta de nós e nos acompanha até casa, faz os TPC connosco e nos ouve a suspirar pela nossa paixão. Gosta de nós, seria uma melhor namorada, mas estamos mais interessados na quantidade parva de novos Pokémon que não nos apercebemos que temos na equipa um bule de chá ou um saco de lixo. Ei! Não é que os Digimon sejam mais originais, mas há mais qualidade do que variedade. E o que aprecio nos Digimon é a história por detrás de cada criatura e a mitologia do universo digital.

Agora, o que achei deste Cyber Sleuth?
Acabei só o primeiro jogo que irei intercalar com o Dragon Quest III para não ficar com burnout, mas gostei. Gostei bastante! Após dois Dragon Quest arcaicos, umas dez horas secantes no Ryza para o apagar de vez, começar este jogo foi uma lufada de ar fresco para quem queria algo novo, mas familiar, dentro do género dos JRPG. E tive-o aqui. Mas… Porque há sempre um mas.
O Cyber Sleuth não é um jogo perfeito e tem muito contra ele. É mau para algumas pessoas, mas cumpre o seu dever em contar uma história satisfatória – e quase original. Só é pena que o jogo demore umas boas horas para arrancar. Estes japoneses insistem em encher as primeiras horas com tanta palha mascarada de world building que, às tantas, afastam o pessoal. Vem-me à cabeça os Trails of Cold Steel, por exemplo.
E ainda bem que comecei a comparar com outras séries porque este jogo lembrou-me tanto os Persona, talvez por se passar em locais familiares para os fãs de Persona/SMT e/ou pelas mecânicas de digivoluir as criaturas. E há outros pequenos detalhes.
Para além de demorar a começar, os níveis são desinspirados, a banda sonora irrita 80% das vezes e os modelos das personagens são cópia/cola para todos, mas… o jogo tem charme! E vicia.
Passei bastante tempo a apanhar Digimon, a digivolui-los, a regredi-los, a experimentar novas combinações, a treiná-los e a manter campos de treino que funcionam com a consola suspensa (atenção ao bug que continua a contar as horas! Acabei com 316 horas certas quando não joguei assim tanto tempo.)

No seu melhor, o primeiro Cyber Sleuth tem momentos e reviravoltas que nos colam ao ecrã. Os momentos finais são qualquer coisa de épicos com as criaturas que aparecem para nos ajudar ou tentar derrotar. E eu? Eu avançava com a minha crush de infância, um MagnaAngemon que digivoluí! E outros que passei a conhecer neste jogo. Tenho uma freira com armas!
E podemos falar do facto de que cada Digimon tem a sua própria animação de ataque? Então, está bem!
E a minha reacção quando acabei, e voltei ao ficheiro original para derrotar os bosses opcionais porque queria mais, foi: uau, como diabo isto não tem mais fama do que a série da concorrência? Uma série estagnada e que o sabe, mas que vende só pelo nome. Com enredos insossos que repetem os dos outros jogos, com animações básicas copiadas das consolas portáteis, com modelos importados de outros jogos e mal utilizados, com funcionalidades retiradas etc.
É uma série preguiçosa e todos deviam sabê-lo. As análises deviam mencioná-lo e apontar dedos ao estúdio. Ou começam a fazer algo de novo ou não vão a lado nenhum, amigos. Mas, infelizmente, vão e tão cedo não vão mudar porque vendem como bolinhos quentes. Bolos recheados de sonhos por mundos abertos e combates melhorados, mas cobertos com desilusões.
Portanto, olhem para a pessoa ao vosso lado e ignorem o fogo de artifício e as promessas por algo melhor quando sabem que não as irão cumprir. Talvez encontrem algo que valha a pena. Algo num mundo digital…