Olá, como vai essa pressão arterial? Está altinha? Tenham calma, estamos a brincar. Aliás estamos a testar a nossa ferramenta personalizada de Clickbait aqui no GLITCH, já que estamos todos em pulgas para a PlayStation 5.
E por estarmos em pulgas, convém começar a controlar as expectativas e não ficarmos desiludidos com o facto de ainda não termos quase nenhuma informação oficial da consola além do seu bonito e inovador logótipo.
Enquanto o coronavírus está aqui armado em “empatas”, obrigando a PlayStation a adiar presenças em eventos e a fazer cálculos em cima dos joelhos de quanto é que irá custar a produção da primeira meia dúzia de lotes da consola, vamos recuar até à revelação da PlayStation 4.
Na semana passada, fez sete anos que a PlayStation 4 foi revelada. Com a falta de informações sobre a nova consola, decidi, juntamente com um amigo, revisitar o trailer que acompanhou a revelação da PS4, onde podíamos espreitar os fantásticos e inovadores jogos que só uma consola com o nome PLAY STATION conseguiria garantir para o seu lançamento.
Acontece que há 7 anos estávamos vivos e não éramos tão cínicos como hoje e a história torna o vídeo algo hilariante, especialmente quando temos um destaque tão grande a Knack. Como a história é cruel – ainda mais ao som daquela música.
Por meros segundos, há coisas boas no trailer, como The Witness e um proto-Dreams (que só chegou agora à consola e que tem uma análise super catita no nosso site), mas tudo o resto são jogos medíocres, tech-demos e projetos cancelados ou mortos.
A estrela do trailer parece ser Knack, o jogo que pretendia demonstrar as capacidades da máquina no que toca ao processamento de física e nos seus visuais à lá Toy Story. Sabemos que Knack tem uma grande legião de fãs, é um pequeno jogo de culto que cresceu em volta de memes e ironias, elevando-o quase ao patamar de Shrek nos videojogos, mas todos sabemos que os jogos não são lá muito bons. Uma constante que se mantém no vídeo.
Dentro dos jogos que acabaram por ser lançados, encontramos InFamous: Second Son, a sequela de uma série de algum sucesso nos tempos da PlayStation 3, que grita Early Gen por todos os seus poros. Caiu tão rapidamente no esquecimento que obrigou a Sucker Punch a fazer algo completamente novo. E pensar que foi um dos primeiros “grandes” exclusivos da PS4. Agora é “aquele jogo”.

Mais sucesso teve a Guerrilla Games que aproveitou KillZone: Shadowfall, outra sequela/spin-off que perdeu o número em prol do subtítulo e que só existe enquanto tech-demo e caixa de areia para aquilo que se tornou eventualmente Horizon: Zero Dawn. Um jogo tão aborrecido, mas visualmente marcante, que ainda hoje não sei se joguei ou se vi vídeos no YouTube. Mas quando saiu? Marco tecnológico!
Ainda no mundo dos exclusivos PlayStation 4, o terceiro jogo no trailer é DriveClub. Um jogo que, apesar de nunca ter sido mau e de ter recebido muito suporte por parte dos criadores e da comunidade, foi trucidado, castigado e torturado ao longo da geração pela própria Sony. Foi lançado com problemas técnicos e sem alguns conteúdos prometidos, como a versão PS Plus, e acabou por ser retirado da PS Store para todo o sempre. Se a Sony trata assim os amigos, imaginem os inimigos.
Além de imagens de tech demos do Unreal Engine, e outra da Quantic Dream, temos, por fim, duas presenças caricatas no trailer: Deep Down, um dos maiores vaporwares da última década, e Watch Dogs, o jogo que deu a conhecer o termo Downgrade a todos os jogadores. A Capcom insiste que Deep Down não está cancelado e já a Ubisoft parece estar receosa com o próximo título da série Watch_Dogs. Sete anos depois e existem coisas que não mudam.
A apresentação da PlayStation 4 foi, na altura, emocionante e alvo de escrutínio intenso pela comunidade. Revisitando o trailer, agora com a bênção de sabermos o que se passou após o lançamento da consola, apercebemo-nos de que é um vídeo de 1:42 minutos cheio de desilusões e promessas.
Para quem lê muito – ou simplesmente viu aquele episódio de True Detective em que o Matthew McConaughey está bêbado que nem um cacho a ser entrevistado pela policia –, de certeza que conhece Nietzsche. O filósofo alemão escreveu, no seu livro “The Gay Science”, que o tempo é um circulo plano e que tudo o que fizemos, e iremos fazer, vamos repetir para sempre. É com este presságio que vos deixo. A PlayStation 5 vêm aí, a sua revelação vai ser bombástica, mas vamos conter as expectativas porque os jogos de lançamento deixam sempre muito a desejar.

E temos até dois exemplos disso, o desinteressante Godfall e o genérico Outriders enquanto os primeiros jogos confirmados para a consola. Dois looter-shooters (ou shlooters lol) que parecem oferecer a mesma experiência de jogo sem quaisquer novidades que mereçam destaque. Preparem-se para ouvir a conversa do “mas isto é tão bonito” enquanto se apercebem que estão a jogar Borderlands, mas na terceira pessoa.
Felizmente, tudo aponta para que a PlayStation 5 venha a suportar retro compatibilidade e aqui encontramos alguma serenidade. Os jogadores antigos vão poder jogar as grandes malhas da PS4 em melhores condições e os novos jogadores vão poder ter experiências como nós agora desejaríamos ter de novo – só que melhores. Acredito que há muito para adorar nas próximas consolas, mas vamos a ter calma!
Isto pode não ser novidade para alguns de vocês, mas sinto que devemos sublinhar como as revelações são o palco para as maiores das promessas e mentiras. A ideia é vender, como podem prever. Quando temos comunidades tão ferozes, que sentem a obrigação de defender a sua marca favorita e atacar as rivais, relembro que a expetativa é a nossa pior inimiga. Vamos celebrar a chegada da nova geração sem entrarmos em exageros. Se quiserem um banho de humildade, revejam o trailer de apresentação da PS4. Depois falamos!
PS: E daquela vez que uma PlayStation foi revelada com um impressionante catálogo de vaporware?