Acabei o Dragon Quest XI! Sim, inclusive o post game com o final verdadeiro e adorei tudo no jogo. Mas esta entrada não será uma análise, mas uma comparação com outra amante: Final Fantasy e como ambas me fazem bem. E algum mal.

A minha primeira paixão foi o Final Fantasy VIII e já contei esta história por aqui. Numa altura linda em que não sonhava com backlogs e só tinha dois jogos por ano, escolhi o VIII para o meu irmão e o In Cold Blood para mim porque tinha adorado a demo. Às tantas, troquei pelo Abe’s Oddysee porque a revista PlayStation dizia que durava mais. Acabei por não gostar, mas o meu pai adorou. E ainda hoje me pergunta por ele quando já foi vendido…
Por não ter gostado, comecei a namorar o VIII… a primeira quest, o jogo das cartas, o desembarque em Dollet e todo o leque colorido de personagens! Amei de tal maneira que fiz cosplay de Seifer, mas jogava tão mal que gastava tudo nas batalhas mais fáceis, fugia das lutas e nem fazia Draw às magias. Nem sei como cheguei ao terceiro disco… mas encravei na batalha contra o Raijin e a Fujin e fiz aquilo que viria a conhecer como rage quit para recomeçar o jogo já na PS2 e (finalmente) acabar.
A partir desse, papei todos os Final Fantasy numerados que saíram. De todos, amei e casaria com o VI, revi vezes sem conta o trailer do IX até ter o jogo nas mãos; idem para o X e chorei baldes com o X-2. Uivei de dor quando o save do XII foi corrompido e cocei a cabeça com o XIII (não joguei as sequelas). Depois o XV. Enquanto isso, vieram todos os problemas de gestão da SquareSoft, depois Square Enix.
E entra o Dragon Quest.
Quis alguma força divina que o meu primeiro DQ também fosse o VIII e nunca me esquecerei daquele verão pachorrento em Tróia, a ver a minha primeira namorada a desbravar o reino de Trodain. Estava encantado com aquele conto de fadas colorido, as tropes do género RPG, as mecânicas simples, as personagens épicas e hilariantes com a dobragem inglesa, a fanfarra da abertura e a arte do Toriyama. Sei que na altura estava com o Golden Sun, mas o meu sol estava numa pequena televisão CRT e nos pequenos slimes. E pronto, estava apaixonado.
Tenho de admitir que não joguei tantos DQ como FF, mas não consigo esconder que, hoje em dia, gosto mais desta série. Também não quero que esta entrada seja uma dissertação sobre as séries, até porque não joguei todos os DQ, mas há algo que me deixa triste pelo meu eu do passado: antes, quando a Square anunciava um Final Fantasy, este era lançado e era. Havia um foco na narrativa e que narrativa era! Claro, havia um certo arriscar e uma evolução tanto a nível gráfico como nas mecânicas tradicionais, mas os jogos saíam.
Hoje preocupam-se mais com o fotorealismo de pedras e ignoram o cerne dos jogos: a fantasia; a história que, ou vem incompleta e tem de ser remendada com DLC (entretanto cancelado) ou é martelada até os fãs gostarem (trilogia do XIII). E não é de admirar que esta má gestão chegue a outros jogos que até metem personagens de Final Fantasy… que chegam agora por DLC!
E depois um Dragon Quest que é anunciado e lançado, mesmo com um grande intervalo de tempo entre entradas. A qualidade demora…
Esta é uma série que ainda consegue preservar o estilo tradicional dos RPG como as batalhas por turnos, o protagonista mudo, o contexto medieval e todos os clichés de um grupo de heróis improváveis que salva o mundo de um vilão. Tudo isto, apenas com alguns ajustes mínimos para os dias de hoje, mas o foco é na história simples e eficaz. E este Dragon Quest XI? Lindo, lindo e, em algumas partes, de puxar à lágrima.
E, para picar um amigo leitor que está com medo que fale mal do XI, aqui vai um comentário rápido: adorei este Dragon Quest, até o terceiro acto!, mas vou admitir que se arrastou um pouco e criou algumas inconsistências, mas as sequências finais derreteram o gelo do coração e motivaram à aventura da trilogia inicial!
Para terminar, mal posso esperar pelo Dragon Quest XII e por voltar àquele mundo, mas não posso dizer o mesmo quanto a um eventual Final Fantasy XVI…, mas se tiver de recomendar um, arrisquem no XIV que é o Final Fantasy mais puro que anda por aí. Ou joguem o Lost Odyssey.
