Fiquei hoje a saber que a Naughty Dog não vai anunciar nada de novo sobre The Last of Us Part II nos The Game Awards, que estão “a trabalhar arduamente” e esperam poder “revelar mais sobre o jogo na altura certa”. Talvez seja o meu calo de vários anos enquanto gamer ou talvez seja o trauma por ter esperado sete anos por The Last Guardian, mas tendo em conta que a Sony vai falhar a E3 e que não vai haver PlayStation Experience em 2019, a sensação que me dá é que ainda não é no próximo ano que The Last of Us Part II vai ver a luz do dia.
Dar-me a sensação, não quer de forma alguma dizer que será esse o caso. Não sou dono da verdade, é uma relação recíproca. A Naughty Dog pode muito bem não querer sobre-expor The Last of Us Part II, controlar as expectativas e reservar surpresas para os jogadores. Contudo, se a má prática de os trailers estarem carregados de spoilers se generalizou nos últimos anos, a culpa também jaz com o plano de comunicação no pré-lançamento dos títulos. E o primeiro erro, parece-me (quase posso jurar, até!) estar na antecedência com que os títulos são anunciados.
Agora que já ressaquei da experiência soberba de Red Dead Redemption 2 e que o novo ano está à porta, decidi revisitar a lista de jogos por que espero e reparei que nenhum deles tem ano de lançamento previsto. Eis, então, que me deparo com o facto de que, dos títulos AAA que constam da minha lista, nenhum tem data marcada. Que pouca vergonha vem a ser esta, hem? The Last of Us Part II foi anunciado em 2016, Ghost of Tsushima e Beyond Good and Evil 2 em 2017. The Last of Us Part II pode muito bem sair algures em 2019, duvido que Ghost of Tsushima saia antes de 2020, uma vez que aquando da revelação ainda não tinham definido os sistemas todos de jogo, e Beyond Good and Evil 2 ainda está na fase de demo conceptual, talvez lá para meados da próxima geração de consolas.

Três anos parece um tempo desmesurado para esperar e não me parece sensato sequer que se anuncie algo que pode não vir a condizer com o prometido. Pior, pode nem vir a ser lançado, como Agent da Rockstar Games, aquele exclusivo PS3. Compreendo que no caso dos indies a revelação precoce seja uma necessidade – é necessário promover o interesse no jogo, por vezes serve como forma de angariar novos investidores e a reacção do público pode decidir o rumo da produção em determinados casos – mas qual é a desculpa das editoras e produtoras AAA? Porque são anunciados jogos com tanta antecedência?
HÁ BONS JOGOS ANUNCIADOS PARA 2019,
MAS POUCOS QUE ME INTERESSEM.
E ESTA, HEM?
A resposta parece simples: hype. O que a indústria parece vender hoje em dia é maioritariamente a ideia de uma experiência sobre a qual a comunidade constrói as suas fantasias. A queda da base de jogadores activos no primeiro mês após o lançamento foi em 2018 um motivo recorrente de notícia, mas quem tiver acompanhado a evolução de qualquer título ao longo de um ano, compreende que o desaparecimento de 70%, 80% ou mesmo 90% da população de um servidor passados 30 dias é a regra e não a excepção. Pela hora em que os jogos nos chegam às mãos, já estivemos a vivê-los ao longo de anos, mais intensamente ou menos, dependendo se integrámos alguma comunidade específica num fórum qualquer; e com tantas alternativas a saírem todos os meses, de indies a AAA, é normal que o foco e interesse se dissipem rapidamente.

Não vou afirmar que o hype está a destruir a indústria ou a pô-la em risco sequer, ou que existe um excesso de lançamentos que podem vir a provocar uma crise como a dos anos 80. Acho que os excessos eventualmente acabarão por ser equilibrados, ou por forças internas da indústria ou por pressão dos hábitos ou reacções dos consumidores. Contudo, até chegarmos a esse equilíbrio (que será frágil, não tenho dúvidas), continuaremos a ter “revelações” espantosas como a de Star Wars: Jedi Fallen Order, em que Vince Zampella, sentado na plateia da conferência da EA na E3, diz para um microfone “ah, sim, nós estamos a fazer um jogo mesmo fixe e mal podemos esperar para vos mostrar o que temos, mas como não temos nada ainda em condições, fica já aqui dito que podem começar a criar expectativas”. Se não tens nada para mostrar está calado, homem! Que chatice.
ANTHEM? TALVEZ.
METRO EXODUS? DUVIDO.
SEKIRO E DEVIL MAY CRY 5? AHAHAHAH!
Posto isto, que certezas tenho para 2019? Certezas, certezas, nenhumas, na verdade. Star Wars: Jedi Fallen Order está prometido para o fim do ano, vai ser apresentado nos The Game Awards e acredito que a EA cumpra o objectivo de 2019, esteja o jogo em que condições estiver – dá sempre para lançar correcções de dia de lançamento com 50GB, não é Black Ops 4 e Fallout 76? Para já, tenho os olhos postos em Dead Static Drive, descrito pelo próprio criador como um ‘Grand Theft Cthulhu’ na Route 66, e mantenho a esperança de que 2019 seja o ano em que a Capybara Games lança finalmente Below. Quanto a WiLD, já nem sei o que esperar.

Caso tudo falhe, não me preocupo. Dragon Ball FighterZ continua em altas, quase a chegar às 400 horas de jogo, e parece bastante provável que venha uma segunda temporada de personagens novas via DLC. “Mas, Duarte, já estás entusiasmado e a Bandai Namco ainda não confirmou nem desmentiu a existência de novo conteúdo. Isso não vai contra o artigo que acabamos de ler?” Calem-se! O hype é real!