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om uma aposta interessante na velocidade e nas corridas contra o relógio, Speed Brawl procura um lugar de destaque num género a necessitar de uma injeção de engenho. Apesar de não tentar inovar, este novo brawler 2D, que chegou recentemente ao PC e consolas, apresenta ideias muito interessantes e uma jogabilidade suficiente fluída e intuitiva para justificar a nossa atenção. Se não fosse pela sua estrutura repetitiva, seria até obrigatório.
Speed Brawl agarra-nos desde o início através da sua apresentação, assumindo-se quase como um desenho animado, sob o efeito esteroides, e dando-nos cenários coloridos e modelos extremamente bem animados. O genérico inicial parece ter saído diretamente das manhãs de sábado com um ritmo forte e um foco delicioso na diversão. A história, ainda que limitada, mantém o tom leve da direção artística, mas são as animações que se destacam desde o princípio até ao final da campanha.
Como um brawler, inspirado em clássicos do género como Streets of Rage e Final Fight, Speed Brawl coloca-nos em níveis 2D, divididos por fases, onde o nosso objetivo é chegar ao final com o melhor tempo possível. A campanha está dividida por ligas e torneios que compõem a Speed Brawl, a modalidade mais famosa do mundo do jogo, e cada nível recompensa-nos através da nossa prestação – com o ouro a dar-nos mais dinheiro e itens. Speed Brawl banha-se no classicismo do género, mas aposta numa estrutura mais imediata e fácil de entrar e sair, nomeadamente com a curta duração de cada nível.
Não existem dúvidas que a velocidade é o foco do jogo, influenciando tanto a linearidade dos níveis como o próprio sistema de combate. Temos à nossa disposição ataques rápidos, desde rasteiras até a ganchos que colocam os inimigos no ar, e habilidades especiais, com um golpe final e extremamente destrutivo a dar-nos a possibilidade de eliminarmos a maioria dos adversários em campo. A jogabilidade é muito fluída e rápida, com as animações a darem um maior impacto a cada golpe. Como o foco está na velocidade, podemos ainda utilizar partes dos cenários, como postes, para atacarmos rapidamente e juntar energia para corrermos mais depressa.

Speed Brawl coloca-nos sempre em equipas de dois, dando-nos a possibilidade de equipar e evoluir cada uma das personagens. Aqui não existem níveis de experiência, mas sim de fama e à medida que vamos vencendo cada torneio, vamos aumentando a nossa popularidade e tendo acesso a novas lojas e habilidades. Esta aposta na cooperação reflete-se também na jogabilidade, existindo ataques em conjunto e a possibilidade de trocarmos rapidamente de personagem. Só seremos derrotados se ambas as personagens forem vencidas.
As primeiras impressões são fantásticas e a estrutura rápida e repartida da campanha ajuda-nos a continuar em frente e a querer ver mais deste mundo animado, mas a repetição acaba por nos apanhar. A divisão por ligas é inteligente, mas revela rapidamente a falta de imaginação no design dos níveis, que se relegam a algumas plataformas sobre cenários lineares. O objetivo de cada fase é quase sempre a mesma, derrotar todos os inimigos, e ao fim de poucas horas, percebemos que a estrutura não vai melhorar. Existem desafios diferentes, mas nunca vão além dos corredores cheios de inimigos e da corrida contra o relógio.

As habilidades especiais dão algum dinamismo aos combates, mas quando o nosso objetivo é correr contra o tempo, é fácil depender constantemente destes ataques destrutivos e focar-nos nas combinações fáceis. Os níveis também podem ser muito caóticos e é fácil falhar os ataques e ficar a esmurrar o ar sem encurtarmos a distância entre a nossa personagem e os seus adversários. Isto cria uma enorme irritação porque estamos a tentar atingir o melhor tempo possível, algo que se torna impossível através destas falhas na movimentação. A presença do contra-ataque serve para encurtar a distância, mas no meio da confusão, que vai aumentando à medida que avançamos na campanha, é mais fácil esquecermos todas estas hipóteses devido, mais uma vez, à pressão do tempo.
Speed Brawl é um sólido jogo de ação que peca pela sua falta de variedade. É certo que se insere num género que é, na sua génese, muito limitado no que toca à duração e criatividade, mas a presença de níveis tão curtos acaba por evidenciar o ritmo com que estes se repetem. Os cenários podiam ser visualmente mais marcantes, mas a aposta em armadilhas e outros perigos ambientais quebram alguma da monotonia. Se gostam do género, existe aqui um sistema de combate competente, muito rápido e fluido com várias personagens para experimentar, mas não esperem encontrar um jogo capaz de se destacar.

O código para análise (PS4) foi cedido pela Kongregate.