O que tens para mim, E3? Esta questão surgiu-me depois do último episódio de GLITCH TV, com a Microsoft e a Ubisoft a iniciarem o inevitavelmente longo ciclo de notícias em antecipação para o grande evento da indústria. Se para a maioria das pessoas são os Óscares que justificam aquela quase-directa em dia de semana anual, para nós gamers é a E3. Mas não estou certo de este ano que valha a pena, daí a pergunta: o que tens para mim, E3?

Há dois factores na origem deste cinismo meu. O primeiro é o facto de 2018 prometer ser um ano do catano. Janeiro começou com Dragon Ball FighterZ, que tenho jogado praticamente todos os dias desde então e não me parece que vá abrandar. God of War saiu em Abril para o deleite da crítica, Total War: Thrones of Britannia chega ao PC amanhã, 3 de Maio, e todos sabemos não vou ter menos de 100 horas, e a 24 de Julho The Banner Saga 3 traz o ponto final a uma das melhores séries que alguma vez joguei. E fica ainda a faltar o resto do ano. Ficam a faltar Spider-Man e o novo Total War: Three Kingdoms, que me vai levar finalmente à China. Ah, é verdade, e Read Dead Redemption 2.
Esta é a minha lista de garantidos para 2018, outros terão ligeiras diferenças – nem toda a gente joga Total War nem The Banner Saga, embora devessem –, mas não duvido que estejam igualmente preenchidas. Contas feitas, se não tenho ânsias pela E3, tenho alguma curiosidade. Quero saber a estratégia da Microsoft para a Xbox – têm a consola mais poderosa do mercado, mas não há exclusivos que justifiquem a compra. Quero saber o que a Nintendo pretende fazer para manter o balanço que a Switch tem neste momento – Donkey Kong, Metroid, mais expansões para Breath of the Wild, aposta no online? E quero saber o que resta para a Sony – sei que há The Last of Us 2 a caminho, mas e para além disso?

O que nos leva ao segundo factor é a sombra da próxima geração. Pessoalmente, estou confortável com a minha PS4 e até com a ideia de que ainda temos pelo menos mais dois anos antes de virem a PS5 e a Xbox Two, e mais ainda antes da Nintendo XYZ. Aliás, arrisco dizer que a Microsoft e a Nintendo estão mais confortáveis com a ideia de adiar o salto geracional do que eu, uma vez que a Switch tem pouco mais de um ano e a Xbox One X ainda nem um. A PS4 Pro vai para os dois anos, mas imagino que a Sony esteja mais do que contente com a posição dominante corrente, e nem falo do PC porque aí a corrida é outra.
Com 2018 preenchido, poderia até sentir-me meio despido para 2019, mas não é o caso. Conto com apoio por dois anos para Dragon Ball FighterZ e não me vejo a trocá-lo a não ser por um possível Super Dragon Ball FighterZ; Thrones of Britannia vai ocupar-me muitas noites de sexta-feira e madrugadas de sábado, sem dúvida, e entre as conquistas britânicas e as chinesas em Total War: Three Kingdoms, 2019 vai estar garantido na frente dos jogos de estratégia; e depois há The Last of Us 2 e uma série de indies que o meu dedo mindinho me diz que virão em 2019 – não me desapontem Below e Dead Static Drive, sobre os quais ainda lerão mais, certamente.
Volto a repetir: o que tens para mim, E3? Eu respondo, não te preocupes. Surpresas. Parece vago e uma resposta meio a fugir com o rabo à seringa, mas é isso que quero. Ao longo dos anos, a E3 foi perdendo o factor surpresa, trocando-o por falso suspense, tentativas de comédia falhadas, e elementos de espectáculo que nada têm de espectacular. Quero que a E3 volte a ser o espaço onde nascem as expectativas e onde se revela o próximo nos videojogos, em vez de ser o espaço onde se confirmam rumores e se apresenta a nova sequela com trailers e tech demos que nada têm a ver com o resultado final. És melhor do que isso, E3. Eu sei. Eu lembro-me. E acredito.