Marvel vs Capcom: Infinite | Glitch Review

Por: Bruno Sirgado

A Capcom e a Marvel voltaram a juntar os dois universos em mais um jogo da popular série versus, e, como tem vindo a ser tradição nos recentes jogos da gigante Japonesa, com o novo título vêm também uma panóplia de incertezas sobre o futuro de Marvel vs. Capcom: Infinite. A aposta forte na inclusão de um modo história e numa direcção artística pouco apelativa deixaram uma imagem amarga nos jogadores desde a revelação, que esperavam um jogo épico à semelhança de Marvel vs. Capcom ou Marvel. vs. Capcom 2. Mas este é um exemplo de que não se deve julgar um livro pela sua capa.

Marvel vs. Capcom: Infinite é uma afirmação do regresso às raízes da série, mas com um toque distinto conferido pela liberdade de podermos trocar de personagem a qualquer momento nas lutas, agora de dois contra dois. Esta mecânica é imaginativa e puxa pela astúcia do jogador mais dedicado, abrindo possibilidades infinitas (no pun intended) para o domínio do espaço no cenário e para a extensão de combos. Engenhoso é também o regresso das Infinity Stones, com o intuito de aprofundar a componente estratégica dos combates através dos poderes que as mesmas conferem.

O truque para o bom funcionamento destas mecânicas está na maneira como a Capcom desenvolveu a jogabilidade a pensar num único conceito: identidade. É através da experimentação de novas combos, da sinergia entre personagens, e da capacidade de quebrar as regras do motor de jogo com as pedras de poder infinito, que os jogadores alcançarão distinguirem-se da concorrência com a sua criatividade.

Interiorizadas as novas mecânicas, é fácil chegar à conclusão de que Marvel vs. Capcom: Infinite não é um jogo acessível, longe disso. Quem não tiver aptidão para jogos de luta e só quiser fazer umas partidas casuais (online e offline), há um sistema de combos automáticas em que basta pressionar um determinado botão repetidas vezes. Esta mecânica tem o propósito de atrair o público casual, mas parece uma oportunidade desperdiçada, uma vez que teria sido preferível a inclusão de um tutorial à lá Guilty Gear Xrd -Revelator-. Este falso sentimento de que qualquer pessoa sabe jogar Marvel vs. Capcom vai rapidamente dar aso a níveis elevados de frustração em partidas online, caso se aventurem fora da Begginers League.

O argumento “a jogabilidade é que importa” levado ao extremo. “O interior é que conta”, diz a Capcom de sussurro.

O grande problema de Marvel vs. Capcom: Infinite está na inevitável comparação com os jogos originais da série. Sim, muitas personagens favoritas estão de regresso, receberam novos movimentos e são muito divertidas de usar, mas Marvel vs. Capcom: Infinite peca pela sua falta de conteúdo neste departamento. O facto de apenas seis personagens serem originais das 30 disponíveis não abona a seu favor, agravado quando é de domínio publico que o passe de temporada trará clássicos como Venom. É uma pena, porque as personagens estreantes na série versus encontram-se bem concebidas, ao ponto de ser quase difícil decidir qual escolher.

O modo história é apresentado de forma cinemática ao género do que a Capcom fez com Street Fighter V. O resultado não é pior, mas está longe de nos conseguir prender ao ecrã. É uma oportunidade desperdiçada que transmite uma sensação de subaproveitamento de recursos que poderiam ter sido utilizados para incluir mais personagens, numa direcção artística mais apelativa, e até em ferramentas de incentivo à aprendizagem. O início é lento, repetitivo e embrulhado em situações forçadas, onde os diálogos não são um ponto forte. O humor também está presente, mas nada que fique na memória. Vale a inclusão do clássico modo arcada que nos coloca em batalhas contra adversários aleatórios até ao sub-boss e boss final. Existem ainda coleccionáveis e cores para desbloquear, que podem ser acedidos na galeria conjunta de Tony Stark e Dr. Light.

A grande surpresa foi o distanciamento da Capcom Fighters Network em prol de uma plataforma de rede funcional, que não sucumbe aos tipos erros de rede a que os jogadores têm sido submetidos desde o lançamento de Street Fighter V. Os modos Player e Ranked marcam presença, assim como as salas onde o convívio entre amigos e/ou desconhecidos e as partidas online prevalecem. Poucos foram os momentos de espera e o lag foi praticamente inexistente. De louvar ainda a rapidez do emparelhamento, dos ecrãs de carregamento e do número reduzido de operações necessárias para voltar a uma partida online. Marvel vs. Capcom: Infinite é talvez dos poucos jogos de luta onde a componente online é funcional aquando o seu lançamento e deve ser visto como um exemplo a seguir por jogos do género.

Já não há Touch of Death, mas isso não quer dizer que os mais criativos não encontrem alternativas semelhantes.

Há que deixar claro: Marvel vs. Capcom: Infinite não é o que dizem ser. Foi corrompido por uma máquina de marketing cujo o foco não estava alinhado com o público-alvo e por más línguas com ideias pré-concebidas de um jogo que não teve ainda tempo de amadurecer. É um facto que visualmente não é o mais deslumbrante, o modo história é equiparado a um amor de Verão, e a banda sonora não nos agarra como as entradas anteriores da série; mas é importante reter que já são décadas de experiência a aprimorar a jogabilidade, e a diversão que retiramos de cada partida bloqueia a importância dos pontos menos conseguidos. Marvel vs. Capcom: Infinite é uma pedra preciosa à espera de ser lapidada.

A escala utilizada é de 1 a 10

O código para análise foi cedido pela Ecoplay.

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