A Sony portou-se bem.
Ironicamente, não tendo sido se calhar a preferida até pelos fãs da marca, a conferência da Sony foi provavelmente a mais “E3” que que a tecnológica nipónica teve desde 2005, o ano em que foi apresentada a PS3 e a Xbox 360, e o ano em que comecei a acompanhar as conferências do certame.
Na altura era verdadeiramente aficionado pela marca, só tinha olhos para a Sony e para a Playstation (fui dos loucos que pagou caro e importou duas PSPs), mas logo reparei que eles gostavam muito de apresentar futuros longínquos. Mais tech-demos do que jogos, conceitos, vaporwores e volta e meia um jogo ou outro que lá saia nos meses seguintes. Toda a gente com quem falava usava o mesmo argumento, “mas a Playstation tem isto, aquilo e aqueloutro” e eu não conseguia tirar da minha cara aquela expressão de confusão porque na prática nunca via nada, era sempre um “mas vai sair!”. Isto foi-se repetindo ano após ano e acabei por adquirir uma Xbox 360 (em 2007 já com um catálogo grande e real) e só quando saiu realmente um dos jogos que queria mesmo jogar na PS3 é que a adquiri. Como foi o caso do Gran Turismo 5 (em 2010).
Em 2005, o hype incontrolável era propocional à espera do lançamento.
É justo a Sony querer apresentar tudo o que tem em desenvolvimento. Existem investidores, manipulação de mercados, build up de hype, vencer a E3. Eu percebo, mas também demonstra a insegurança que por vezes têm nos seus produtos, a curto prazo, e podem correr o risco de trair os seus consumidores ao cancelarem projetos, como a Microsoft fez recentemente com o Scalebound.
Meter a carroça a frente dos bois é sempre perigoso e é nesta ótica que aplaudo a Sony pelo seu catálogo em formato de conferência, quase remeniscente das VHSs da Sega nos anos 90, sem conversa e só jogos.
Trailers e demos atrás de trailers e demos. Zero conversa.
Para mim este era o ano mais importante na minha relação com a Sony. Recentemente adquiri a PS4, para os super-exclusivos AAA que não existem em mais lado nenhum, e ao mesmo tempo a minha marca de eleição (Microsoft) fez questão de apresentar uma bruta de uma nova máquina que me faz suar só de imaginar os meus jogos favoritos a correr nela. Portanto em queria mesmo muito que a Sony me mostrasse jogos que confortassem pela recente aquisição.
Entre todos os jogos, já conhecidos, apresentados em palco, os que eu mais queria não estiveram lá, como por exemplo o The Last of Us 2 e o Death Stranding (até me sinto relaxado por já ter uma máquina para o jogar). Isto porque duas expansões (Uncharted e Horizon) um remaster (Shadow of Colossus) e um 3rd party (Monster Hunter) não são propriamente killer-apps. No entanto há um lado bom nisto tudo. Há confiança da marca e dos produtos que têm, há respeito pelos fãs e consumidores e até pelos estúdios ao não criarem demos que não representam o produto final ao não criarem pressões ou expectativas falsas aos jogadores.
No fim da conferência, partilho a opinião dos meus colegas e amigos: Foi uma conferencia que soube a pouco. Mas refletindo melhor eu fiquei muito feliz com a abordagem da Sony, que comparado com outras, apesar de apresentarem ali dois ou três jogos e ips adorados pelos fãs, vão-nos fazer esperar muitos anos. Não é Ubicenas, com o teu Beyond Good And Evil? Ou Nintendo com o teu Metroid?

A Sony não apresentou só jogos que são fantásticos, mas acima de tudo apresentou jogos que vamos poder jogar em menos de um ano. Que existem e que estão em avançadas fases de desenvolvimento. Uma quantidade de jogos que para quem ainda está indeciso em comprar uma consola, já tem alguma segurança no catalogo contemporâneo.
Felizmente a indústria já não é feita só pela E3. O que não falta à Sony são outros momentos para apresentar as suas novidades ao ritmo dos estúdios, sem pressas ou expectativas exageradas. Por isso Sony, por mim, estás de parabéns. Não foi a conferência mais espetacular, mas foi certamente das mais corretas.