How to Survive 2 | Glitch Review

Louvados sejam os deuses, vivemos verdadeiros tempos de renascimento! A indústria nunca jorrou tanta criatividade como agora, era do quase-fotorealismo, dos tempos do online e do ressurgimento dos estúdios indies e da nostalgia. E louvados sejam todos os produtores que me continuam a enviar videojogos com elementos de sobrevivência como se fossem o único género disponível em tempos de tão profunda abundância.

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Não existem floreados que escondam o óbvio: How to Survive 2 é mais um jogo de sobrevivência e ação. Não é um mau exemplo do género, ainda que numa versão light, mas não deixa de ser mais um no meio de tantos outros. Ao contrário dos seus semelhantes, o título da Eko Software apresenta-se numa visão isométrica, semelhante a Diablo e outros jogos clássicos, rouba elementos RPG ao próximo – prática imprescindível nos tempos que correm, fora as torres e os pontos no mapa – e junta-lhes uma mecânica de crafting que é apenas funcional. É um três em um em todas as frentes e um corta e cola nas restantes.

A fórmula não evoluiu muito desde o primeiro título da série, talvez por casmurrice. Continuamos a encontrar um mapa extenso, povoado por sobreviventes e as suas missões secundárias, que se divide em pequenas zonas representadas pelos tradicionais clichés do género: florestas, montanhas, pântanos; veja o diabo e escolha. Como um mundo semi-aberto, que se estende e se transforma consoante a missão que aceitem – onde vão encontrar pequenas cidades e aldeias costeiras, entre outros -, How to Survive 2 consegue oferecer uma variedade autossuficiente no que toca aos cenários e justificar a sua repetição através de uma noção de espaço bastante concentrada. Aqui o menos é mais.

A ação foca-se na sobrevivência, na criação de novos itens e na preparação da vossa base. Não existe aqui nada de novo, mas tudo funciona como é suposto. A personalização e criação de armas é mais profunda do que parece ser à primeira vista, existindo a possibilidade de adicionarem acessórios e novos tipos de munição, e coloca os jogadores à procura dos itens necessários para melhorar o seu equipamento e enfrentar as hordas de mortos-vivos que atacam o acampamento. É absolutamente necessário melhorar as defesas e dar aso à criatividade se quiserem avançar na ação.

O acampamento, que pode ser implementado em qualquer parte do mapa, é acompanhado por vários módulos que, uma vez instalados, desbloqueiam novas opções de personalização. Desde cozinhas até à fundição de metais e à criação de acessórios, irão encontrar um pouco de tudo neste jogo de sobrevivência. E como em qualquer outro jogo do género, é necessário encontrar os recursos necessários para construir os itens que precisam, o que cria um ritmo bastante frenético e aliciante durante as primeiras horas. E apenas durante as primeiras horas.

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Nos melhores momentos, How to Survive 2 assemelha-se aos RPG clássicos em visão isométrica. Mas é demasiado limitado para ganhar um lugar de destaque no seu próprio género.

Existe também um maior empenho em envolver os jogadores na evolução das personagens e foram inseridas várias habilidades e atributos que podem ser evoluídos consoante o vosso foco e método de jogo. Se quiserem uma personagem mais focada na ação, é possível desenvolver a estamina e a sua força, mas se quiserem priorizar a sua destreza, o jogo oferece opções que facilitam a fuga aos mortos-vivos e até o arrombamento de casas para a descoberta de melhores itens. E se quiserem quebrar completamente o jogo, basta continuarem a jogar e a armazenar pontos de experiência suficientes para desbloquear tudo. Mas durante os primeiros momentos de How to Survive 2, esta aposta depende da vossa criatividade.

Contem com muitas armas, equipamentos e acessórios que vos facilitam a exploração. É ainda possível caçar e cozinhar os alimentos para um efeito mais duradouro. Como se trata de um jogo de sobrevivência, com S grande, não se podem esquecer de encontrar mantimentos e água para manterem a vossa personagem em perfeita saúde. A originalidade não é, de todo, o grande foco do jogo da Eko Software.

Até agora, How to Survive 2 é um jogo perfeitamente funcional, um pouco limitado no que toca aos seus gráficos, mas viciante durante as primeiras horas – e acreditem que é mesmo viciante. Vão receber constantemente novas missões, encontrar localidades que nunca viram antes e sentir uma enorme necessidade em encontrar melhor armamento e equipamentos para enfrentarem os zombies mais teimosos. Durante as primeiras horas, How to Survive 2 entra num ritmo interessante e relembra alguns dos melhores RPG de ação. E ao fim destas primeiras horas, surge o terrível, inevitável e irritante cansaço.

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De 10 em 10 níveis, vão ter a oportunidade de testar as vossas defesas em combates diretos contra as hordas de zombies. E se forem bem sucedidos, irão desbloquear novas missões e itens para construir.

E quando este cansaço aparece, a festa acabou. E acabou porque How to Survive 2 não o consegue combater. A repetição parece fazer parte da jogabilidade e ao fim de poucas horas, não há mais nada para encontrar ou explorar. As missões seguem todas a mesma base – encontra este item, fala com esta pessoa ou mata este número de zombies – e não existe uma variedade suficientemente substancial para carregar um jogo que é, para todos os efeitos, demasiado extenso.

How to Survive 2 foi pensado para ser uma experiência em constante mutação, com os jogadores a explorarem as suas mecânicas e missões até desbloquearem o nível máximo do acampamento e da personagem, mas não conseguiu implementar uma jogabilidade que acompanhasse esta aposta na longevidade. Se Diablo 3 assenta na descoberta de novos itens e na repetição das dificuldades máximas, How to Survive 2 tenta imitar e vai de cara ao chão muito antes de chegar à meta.

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Os jogadores partilham o mesmo campo e lutam pelo mesmo objetivo, mas a jogabilidade não sofre alterações significativas que justifiquem esta aposta a longo termo.

Durante 10 horas, How to Survive 2 enganou-me. E enganou-me bem, dou-lhe o mérito. A jogabilidade continuava a fluir tal como eu queria e sentia uma vontade sincera em encontrar todos os itens possíveis e em melhorar a minha base para desenvolver novas proteções e desbloquear mais missões. Mas tudo mudou quando me apercebi de que estava a repetir a mesma missão pela 20ª vez, só que com uma cor diferente e zombies mais fortes. A jogabilidade nunca evoluiu para além do “explora este cenário aborrecido e mata os mesmos inimigos que viste nas últimas horas”. Talvez o modo cooperativo consiga corrigir estes problemas ao dar aos jogadores uma razão para voltar e partilhar a experiência com amigos. Mas pelo que pude averiguar com os membros do GLITCH, é a mesma coisa…só que com uma cor diferente.

How to Survive 2 não é um mau jogo. Se não se importam com esta estrutura assente na repetição e na conquista de novos equipamentos, e no melhoramento da vossa base, poderá ser uma boa opção, especialmente se tiverem um amigo para jogar. Mas não esperem ficar aqui por muito tempo, até porque não há muito para encontrar. É tudo uma miragem, são cenários feitos de papelão mal pintado e sem sabor. E é por isso que How to Survive 2 é apenas mais um jogo de ação e sobrevivência. Que venha o próximo.

Nota 6
A escala utilizada é de 1 a 10

O código para análise (PS4) foi cedido pela 505 Games.

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