Horizon: Zero Dawn | Glitch Review

A indústria e os jogadores aguardavam Horizon: Zero Dawn com a previsão de que o novo título da Guerrilla Games entraria diretamente para o topo da lista de candidatos a jogo do ano. A sua chegada provou que estavam certos quanto ao entusiasmo.

Horizon é um jogo original, e único na sua essência, que nos transporta para um mundo pós-apocalíptico povoado por máquinas hostis, clãs sui generis e perigos iminentes. Tudo isto, resultado de um passo em falso da humanidade que Aloy procura compreender para obter respostas quanto ao passado – incluindo o seu.

É este o grande rosto de Horizon: uma corajosa guerreira exilada (outcast) que parte à descoberta para lá das fronteiras seguras do local onde nasceu. Ainda que a premissa seja promissora, esperava um pouco mais de Aloy. Infelizmente, e por motivos que penso estarem relacionados com a elaboração da narrativa, as reações da protagonista acabam por ser pouco orgânicas – algo muito presente, por exemplo, nas conversas que tem com Rost no decorrer do jogo. Há uma sensação de falsa emotividade que, na maior parte das vezes, afasta o jogador, em vez de o aproximar. Infelizmente, o que há de menos neste especto, existe em demasia nas interjeições de Aloy durante a jogabilidade (especialmente acerca da meteorologia) resultando, por vezes, numa quebra de imersão. Aloy merecia uma maior profundidade e, com muita pena minha, fica muito atrás de outros nomes de exclusivos da Sony, como, por exemplo, Ellie.

Horizon tem um tutorial, bem conseguido e nada intrusivo, que nos apresenta o crescimento de Aloy como guerreira.

Ainda assim, não deixa de ser a protagonista de uma história que aborda, de forma relevante, o desejo desmedido da humanidade em ir mais longe em temáticas como a inteligência artificial e a automatização. Existem duas histórias que se entrelaçam, para uma narrativa conjunta, que alia o pessoal ao universal. Se, por um lado, procuramos perceber quem é Aloy e que ligações tem aos “Old Ones” (termo utilizado para descrever a humanidade antes da catástrofe), estamos também numa demanda para descobrir toda a história que levou à luta entre Homem e Máquina. A temperar a trama, existe ainda um vilão misterioso que procura trazer de volta o caos e destruição do pico desta revolução mecânica.

O que poderá faltar na narrativa, é compensado na riqueza dos NPC que povoam os vários locais de interesse do jogo. Há uma atenção ao detalhe estrondosa no vestuário, acessórios, expressões faciais e cabelo, que resulta numa mistura curiosa e numa variedade visual que considero vanguardistas nesta área dos videojogos. Aqui é onde se sente, de forma mais premente, a originalidade deste mundo criado pela Guerrilla. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer dos momentos de diálogo, muitas vezes pouco inspirados e desprovidos da profundidade necessária.

Quem é que não quereria andar com uma headpiece destas num mundo pós-apocalíptico? Reserve já, antes da chegada do fim do mundo, e consiga um desconto de 20%!

Todos estes elementos fazem parte de um mundo aberto, algo que, segundo Guerrilla Games, obrigou a mudanças no motor de jogo. O resultado destes ajustes é muito positivo, com Horizon a ser um jogo extremamente polido e bonito que nos faz parar para olhar – e para usar o modo de fotografia. O mapa é extenso, com cenários ricos que não caem na repetição: muda a vegetação, muda o clima, mudam os inimigos mecânicos. Aqui, uma ressalva: desliguem, ou ativem o modo dinâmico, do HUD – Horizon é um jogo demasiado bonito para perder profundidade com a quantidade excessiva de informação que é colocada no ecrã por defeito.

horizon zero dawn
O modo de fotografia é interessante, com várias opções de personalização e permite captar imagens giras, assim como esta *cof cof*

As máquinas são um dos pontos mais fortes de Horizon e um elemento que torna este título único. São abundantes no mundo de jogo, comportam-se de forma real e natural, têm hábitos, tarefas próprias e muita personalidade. Cada uma tem especificidades e pontos fracos que podem ser explorados para uma vitória mais rápida e terão à vossa disposição uma ferramenta que permite controlá-las (no caso das montadas) e torná-las vossas aliadas de batalha.

Horizon é, na sua essência, um jogo de abordagem furtiva que certamente agradará a quem adora eliminar inimigos à distância depois de planear cuidadosamente a estratégia. Contudo, as mecânicas de combate convidam também a abordagens mais diretas, com um arsenal muito interessante, que resulta em momentos dinâmicos de pura ação, nos quais a presa tenta tornar-se caçador. Há uma progressão muito interessante neste aspeto que se prende com a passagem de sensação de perigo constante para a ideia de que envergamos o “crachá de Master of the Wild”. Ainda assim, Aloy não fica OP e os desafios não passam a ser passeios no parque. Serão muitas as vezes em que, ao atacar um inimigo, se darão conta que alertaram mais cinco e é aqui que as mecânicas e jogabilidade de combate, extremamente afinadas, ganham brilho, com a mudança repentina de abordagem e o obrigar do jogador a responder à mudança.

horizon zero dawn
Os Cauldrons são áreas subterrâneas que, depois de exploradas, permitem controlar diferentes tipos de inimigos mecânicos. Não me digam que não sentem a vibe à lá Mass Effect?!

Entre as várias comparações possíveis deste título com outros, a que considero mais acertada é aquela feita com Far Cry. Há uma ligação especialmente clara no caso dos campos inimigos que devem ser transformados em zonas seguras. Esta é apenas uma das tarefas secundárias que o jogo oferece – de zonas subterrâneas, a áreas corrompidas, passando por desafios de caça – e que complementam a história principal e missões secundárias. Pontos fortes que dão ao jogo uma maior longevidade, complexidade e profundidade. Não existem em demasia, não são intrusivos e despertam aquele bichinho de “quero meter este jogo nos 100%”.

Uma nota final para a banda sonora, de elevada qualidade e timings perfeitos, assim como, para aquilo que gostaria de ver ser confirmado para o futuro de Horizon: um modo multijogador. Faria todo o sentido no título da Guerrilla, já que combater inimigos mecanizados com amigos, ter desafios de caça com rankings globais ou conquistar zonas em equipa, me parecem uma dose mais que suficiente de diversão para justificar este modo.

Em suma, Horizon: Zero Dawn é um jogo com uma elevada qualidade que nos transporta para um mundo novo, original e bem conseguido, apostando em mecânicas inovadoras e explorando um género que parece estar cada vez mais na moda de forma muito positiva. 2017 não poderia ter começado de melhor forma!

A escala utilizada é de 1 a 10

O código para análise foi cedido pela Sony Interactive Entertainment Europe (SIEE).

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