Em 2010 o catálogo indie era praticamente uma novidade com títulos como Braid, Limbo e Super Meat Boy a brilharem mais do que muitos jogos AAA. No ano seguinte Minecraft ultrapassou um milhão de cópias vendidas no primeiro mês da fase beta, em Janeiro, somando 23 milhões de euros chegado Abril. Numa altura em que a indústria, nas mãos das grandes editoras, apostava em experiências lineares e gráficos fotorrealistas a 60 euros, um tipo sozinho, com um chapéu hipster faz uma fortuna a vender um jogo sem objectivos fixos e com gráficos rudimentares pelo preço de dois menus Big Mac.
Com o sucesso comercial e crítico dos produtores indies, o mercado depressa ficou saturado com projectos medíocres e inúmeras cópias de ideias originais graças a iniciativas como o Steam Greenlight e Early Access. Todo o pateta com noções básicas de código quis ser o próximo Marcus “Notch” Persson, tornando a banalização do termo indie inevitável. É por isso que não podemos ter coisas boas… Mas no meio do pantanal que se tornou a cena indie, continua a haver promessas. Estas são as cinco promessas (por ordem de hype) que espero ver cumpridas em 2016:
HYPER LIGHT DRIFTER
Primavera | PC, Linux, OS X, PS4, Xbox One, PS Vita, Ouya
Atribuir o sucesso da vaga indie à nostalgia por inteiro é redutor. Achar que é a perspectiva 2D ou o tom estranho dos temas de 16 bits que conquistam o interesse dos jogadores é sintomático do estado da indústria. Na era dos gráficos espectaculares e das experiências lineares, contar uma história muitas vezes assume prioridade sobre o conceito, o desafio e a diversão. A nostalgia inerente aos indies é marcada pelo recuo da área do cinema de volta para a da interacção, contrariando a nova (e errada) noção de que melhores gráficos e sequências cinemáticas equivalem a melhores jogos *cofcofKojimacofcofDavidCagecofcof*.
Isto tudo em jeito de introdução porque o jogo do colectivo sob o nome de Heart Machine tem (na minha opinião) as prioridades bem estabelecidas. Hyper Light Drifter é um jogo próximo de Zelda: A Link to the Past no que respeita o design, e inspirado no trabalho de Hayao Miyazaki com o seu estúdio Ghibli, nomeadamente o filme Nausicaä do Vale do Vento. A estética vai buscar referências exteriores aos videojogos, mas o design parte de um clássico e procura criar uma identidade. Como dizia antes, as prioridades estão bem estabelecidas.
No caso de Hyper Light Drifter, ao contrário da maioria dos títulos nesta lista, já tive a oportunidade de jogar a beta e de entrevistar Alex Preston, a cabeça e o coração à frente de Heart Machine. Muito antes, no entanto, já me tinha comprometido com a pré-compra, convencido pela pixelart, pela atmosfera e pelo combate demonstrados no primeiro trailer. A beta comprovou que o combate é extremamente desafiante, há segredos à antiga (saltos de fé para recantos com itens raros e coleccionáveis) e uma história e um mundo que quero descobrir. Nunca antes quis tanto que a Primavera chegasse depressa.