PAIS, FILHOS E VIDEOJOGOS | 2. Procurar informação

É essencial que os pais, com filhos fãs de videojogos, se eduquem ativamente sobre o assunto. Dissemo-lo no artigo anterior e se o repetimos é porque é de facto algo a reter. O importante, neste campo, é evitar o sentimento de incapacidade ou total incompreensão do meio. Confesso que é sempre triste ver pais confusos na seção de jogos de uma qualquer loja, na qual, infelizmente, são tantos os colaboradores que acabam por não saber ajudar com qualidade.

A era da Internet trouxe consigo o acesso generalizado à informação e os videojogos não são exceção à regra. Entre websites da especialidade, fóruns (sabemos que o Reddit ou o neoGAF podem ser complicados para principiantes) ou grupos no Facebook, existem ainda as poderosas plataformas multimédia.


´9 Fóruns & Comunidades

Reddit e NeoGAF são talvez os dois recursos mais relevantes neste âmbito. Ambos têm comunidades fortes, ativas e dedicadas, dispostas a discutir vários aspetos de cada jogo, em discussões que vão normalmente para além do óbvio.

Ainda que, ao início, possam criar alguma confusão (a informação é apresentada por tópicos de discussão, de forma bastante simples e com poucos apoios visuais), acabam por tornar-se numa ferramenta que poderá ser essencial.

Existe um Reddit Portugal, com alguns tópicos sobre jogos, mas, sinceramente, recomendo a consulta do .com. Mas se o que procura é um site em português, aconselhamos o ZWAME, que por ser nacional não tem a dimensão do Reddit nem do neoGAF, mas tem uma comunidade acessível e prestável (coisa rara por essa Internet fora).

Adicionalmente, existem os fóruns e comunidades oficiais de cada jogo, normalmente encontrados no website ou blogue do título em questão. Se tiver dúvidas ou não souber onde procurar, opte por escrever a palavra “forum” seguida do nome do jogo. Exemplo: se escrever “fallout 4 forum”, o primeiro resultado é do fórum da bethesda, relativo ao tópico de discussão geral.


 

´9 Gameplay e Stream

Sou defensora confessa da importância do Youtube e do Twitch nesta educação parental. Se o primeiro oferece vídeos de jogabilidade que podem esclarecer mais do que uma sinopse de história ou um trailer cuidadamente montado, o segundo abre portas a uma interatividade necessária. Bem sei que serão poucos os pais dispostos a perguntar a um streamer do Twitch o que acha do jogo via chat, mas acredito que tal prática só trará esclarecimentos importantes.

Falamos de uma plataforma gratuita, de fácil acesso e tão user friendly que até pode ser utilizada no smartphone, enquanto os filhos explicam o nome do novo jogo que querem ter. E, ainda que a Internet seja um paraíso de trolls, nada a temer: há pessoas mais velhas a fazerem streams, que inclusivamente tratam quem os vê (e ouve) com maturidade. Portanto, nem é preciso dizer algo como “o meu filho quer este jogo, achas que é violento?”, se não se quiser passar por pai (ou mãe) galinha. Inclusivamente, é possível assistir a estes streams sem sequer participar ativamente na discussão. Contudo, e porque achamos importante o esclarecimento, valerá a pena fazer perguntas específicas, consoante o jogo.

Esta experiência poderá ser partilhada, com os miúdos, para que se sintam também integrados neste processo, aprendendo a importância de pesquisar para que se forme uma opinião – além disso, um pai que usa o Twitch é super cool e bem sabemos a importância que estas coisas têm quando se é pequeno. Ainda assim, importa parar para dar uma pequena nota: há streams classificados como “mature” para audiências maduras, nos quais é possível que ouça um ou outro palavrão e se transmita algo pouco apropriado para os mais novos. É também por este motivo que sugiro o Twitch para os pais, mas nem tanto para os filhos sem supervisão. Trata-se de uma plataforma de fácil acesso a todo o tipo de jogos (incluindo os mais violentos e com conteúdos para adultos – mas não necessariamente pornográficos, atenção) – e na qual cada um dá livremente a sua opinião, sobre os mais variados assuntos. Ocasionalmente, e porque é daquelas coisas que existem no mundo dos videojogos, também existem decotes mais sugestivos do que o esperado. Diz um inquérito da Net Aware que a idade certa para utilizar o Twitch são os 16 anos; a plataforma em si fala em 13. Quem decide são os pais.

Gamer Dad (or Mother), you ROCK!

 


 

´9 Sites da especialidade & input de profissionais

De acordo com dados da Entertainment and Software Association (ESA), 69% dos pais pesquisa regularmente a classificação de um jogo antes de o comprar. Um valor expressivo mas que poderia ser mais elevado.

Para este tipo de dúvida (e para quem não é assim tão fã do Twitch como eu), vale a pena ter nos favoritos sites da especialidade que classificam os jogos a pensar nos pais. É o caso do Common Sense Media que, num pequeno parágrafo, avalia jogos, reúne as informações principais e, além da classificação etária oficial, apresenta a classificação dada por outros pais a determinado jogo.

Adicionalmente, e reforçando o que já dissemos, não nos importamos nada de ajudar a esclarecer sobre determinado jogo e acreditamos que outros profissionais, bloggers e streamers também não.


Naturalmente que se os pais também forem fãs de videojogos todo este mundo se torna tão mais fácil. Contudo, e porque não é para eles esta parte, não há volta a dar: esta paixão dos mais pequenos exige algum esforço e muita atenção (não tire a consola da sala, lembra-se?).

 

Na verdade, este guia é uma arma secreta para o tornar fã de videojogos e no, final, ter os seus filhos a dizer isto.

 

No entanto, há coisas que nunca falham: falamos de um GTA V e uma criança com menos de 10 anos? Se for o caso, a resposta vem antes de qualquer pesquisa: escolha outro. Diferentes pessoas têm diferentes perceções e resistências mas, atualmente, começo a pensar que as classificações etárias são indicadores importantes, especialmente para quem não passa a vida a ler sobre videojogos.

Vá lá, todos sabemos o mau que é ser aquele pai que comprou um jogo híper violento para o filho sem saber, e que depois vai dar com ele aos gritos enquanto o ecrã se enche de sangue. Não, não acabou de criar um pequeno psicopata, mas há possibilidades de escolha bem melhores.

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