Nunca tive acesso a tantas betas como no último meio ano. Já a clássicas demos, foram pouquíssimas, ao ponto de que no momento em que escrevo isto só me lembrar de uma.
Cada vez que vejo o anúncio de uma beta penso “Fixe!”; logo seguido de: “Que chatice.” Porque tenho que me inscrever, marcar lugar, olhar para o calendário e rezar que tenha disponibilidade e que a minha Internet esteja fixe naquela altura.
E será correto pensar desta maneira? Claro que sim! Eu quero experimentar os meus jogos! Ou será que…
As betas têm um propósito maior do que o de experimentar. Estas não devem ser tratadas como demos, ou pelo menos não deveriam, pois são versões dos jogos utilizadas para detetar problemas, testar a jogabilidade, a performance e não para avaliar se o jogo é “fixe” ou não. E isto é algo que me tem feito pensar sobre o modo como as betas têm sido lançadas e como afetam os consumidores.

É legítimo que em véspera de um lançamento exista interesse, começa a criar-se buzz, começamos a ver a máquina do marketing a funcionar e levantamos várias questões, como se o jogo é interessante ou se tenho máquina para correr isto (no caso dos PC’s). Se formos fãs da série em questão, então aí ainda se sofre mais.
A grande chatice das betas é o modo como estas vieram “ocupar” o lugar das demos. Não no seu conceito, mas na sua execução, no modo como o jogador comum as vê e como as produtoras as tentam “vender”. Acabamos por ter um casamento entre jogadores que querem simplesmente jogar as novidades “gratuitamente” e as produtoras a aproveitarem-se desta sede ao bloquearem pequenas porções de jogo atrás de uma pré-reserva, subscrição ou até compra de outro jogo. No fundo, as betas são iscos de consumo.

As vantagens das pre-orders por causa destes conteúdos “exclusivos” não só ignoram o propósito das betas como em alguns casos são uma valente mentira, pois a sua maioria acaba por ter uma fase aberta e mesmo quando fechada, não é difícil de aceder graças a giveaways e passatempos nas redes sociais.
Está mais que visto que estamos a entrar numa nova era de “betas super exclusivas – mas não tanto”. Não conheço bem o mundo do desenvolvimento de jogos, mas diria que os recursos, logística e certificação para mandar uma beta cá para fora – que dura meia dúzia de dias e requer atenção das equipas de desenvolvimento – são em maior quantidade do que mandar uma demonstração livre de qualquer compromisso ou custo acrescido.

Não quero com isto dizer que sou contra betas. Elas têm o seu lugar, mas mais para beta-testers e jogadores selecionados do que para os jogadores em geral. Ou feitas longe do público para evitar falsas expectativas e impressões negativas de jogos que no fim até podem por ser muito melhores. Mas bem, penso que está na nossa natureza não é? E com isto vou tentar entrar na beta do Overwatch. Aquilo parece fantástico!