Antigamente é que era bom!

Sim! A E3 deste ano foi do caraças! Nós, aqui pelo Glitch, temos feito questão de referir isso em todas as nossas recentes conversas. Até o jogador menos interessado já deve ter dado conta do que se passou. Foram anúncios de um futuro nostálgico, de projetos ressuscitados, criancinhas a chorar, a segunda vinda de Cristo… foi tanta coisa fixe que é impossível ficar indiferente ao que nos aguarda nos próximos tempos.

Bomba nostálgica! Pumba! #BackToTheFuture
Bomba nostálgica! Pumba! #BackToTheFuture

E esta loucura toda fez-me mal. Até a trifecta explosiva da Sony, que, pessoalmente, pouco me diz, acabou por me suscitar interesse. A quantidade de exclusivos interessantes e que tenho seguido em todas as plataformas começam a fazer com que me arranhe todo de ansiedade. A verdade é que eu preciso de me preparar, e com um catálogo tão diverso ao longo de todas as plataformas, não só não sei para qual delas é que me viro em primeiro lugar, como a que jogos é que vou dar prioridade.

Não me interpretem mal! Isto é apenas o meu espírito consumista a gritar, é o hype a falar mais alto. Nunca irá dar para tudo e, no fim do dia os jogos, lá vão saindo e eu vou, involuntariamente, perdendo interesse. Voltando um pouco atrás aos títulos nostálgicos, isto pôs-me a pensar no que eu jogava quando era cachopo e como era a minha relação com o meio nessa altura. Na verdade era bastante simples.

Até os comandos tinham fios!
Até os comandos tinham fios!

“Antigamente é que era bom!” – diz toda a gente que já passou pela puberdade. Mas neste caso não é de todo mentira. Obviamente que não posso opinar sobre o que se passava antes de eu ter tocado num videojogo pela primeira vez – para mim isso é história –, mas este primeiro contacto e os tempos que se seguiram, ainda que não tenham sido os “melhores”, foram na realidade os mais simples e menos frustrantes.

O meu primeiro contacto com os videojogos foi um pouco… triste. O Sonic era o meu herói favorito e queria imenso ter uma “consola SEGA”. Como é que resolvi isso? Com uma caixa de sapatos desenhada e com autocolantes a fazer de ecrã, uns cartões a fazerem de comando e uma dose de imaginação a completar. Felizmente a minha família lá deve ter pensado que eu estava a dar em maluco e em vez de me mandar para um hospício, ofereceu-me uma fantástica Sega Master System II, com Sonic The Hedgehog integrado.

Ainda lhe sinto o cheiro a novo.
Ainda lhe sinto o cheiro a novo.

Como devem imaginar foi a loucura. Durante todo o meu tempo como jogador da Master System apenas tive três videojogos: o Sonic, um cartucho de compilações arcade da Virgin Interactive e o Jurassic Park (um jogo que fez o meu pai comentar algo como “um dia os jogos vão ser autênticos filmes” – mal nós sabíamos pai). Nesta altura já começava a ter algum interesse na indústria, sabia que jogos iam sair, as consolas que estavam à venda, experimentava o que podia nas lojas e em casa de amigos. Mas o interessante é que não tinha a urgência em consumir tudo o que existia.

O que eu tinha em casa chegava e sobrava. E não tinha nem mais, nem menos distrações do que hoje. O Sonic, um jogo que se passa numa ou duas horas, transformava-se em sessões de tardes, de dias, de Verões inteiros, só a fazer speed runs ou a ver se conseguia apanhar todas as esmeraldas. Havia também uma certa magia em jogar outros jogos e plataformas em casa de amigos, porque cada um de nós tinha algo diferente e sempre mais espetacular, ninguém era fanboy, muitas vezes até era ao contrário (vocês sabem, a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha).

Acredito que as gerações mais novas ainda tenham um bocadinho disto e partilhem os jogos desta maneira, ou pelo menos quero acreditar que não estão colados à PlayStation ou à Xbox, a jogar Call of Duty e a elogiarem as mães dos seus amigos de forma duvidosa. O que quero dizer é que tenho saudades do modo como me decidia acerca do que jogar e de como experimentava os jogos que ainda hoje adoro.

Já ando nisto há 20 anos pá!
Já ando nisto há 20 anos!

E ainda bem que atualmente as coisas são diferentes. Felizmente que a oferta é muita e para todos os géneros e idades. Ainda bem que surgem surpresas como as da E3, que podem dar a conhecer antigos títulos às gerações recentes e despertar o interesse aqueles que nunca deram atenção. Ainda bem que temos acesso a toda a informação e a comunidades de todo o mundo onde podemos fazer novos amigos.

Se há algo de realmente negativo nisto tudo, é o peso da nossa carteira que lá vai ficando mais leve e o tempo que sobra para experimentar um jogo resume-se ao momento de mais um update ou do download do DLC mais recente na consola ao lado.
Acho que que acabamos por cair no erro de consumir tudo, mas não explorar nada.

Bem, se calhar antigamente é que era mesmo bom.

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