SOS: Jogadores sem Tempo

Há muito que a questão da falta de tempo para jogar me assombra. Sempre fui cética face ao alheamento dos fãs de videojogos que, ao ficarem mais velhos, deixam a paixão jogável para último plano, mas agora vejo a coisa de outra perspetiva.

Durante a faculdade tinha tempo de sobra para jogar e sempre vontade para o fazer mas, com a “vida adulta” e um trabalho das nove às seis, sinto-me a juntar-me (ainda que lentamente e à força) ao grupo dos “infelizes jogadores” que não têm tempo para jogar.

Talvez tempo não seja a razão correta, – afinal, gerimos o nosso consoante prioridades – e, à medida que estas se multiplicam em amigos, família, passatempos e tempo livre para sair e experimentar coisas novas, cada vez mais há algo que terá de ficar para trás. Acho que pior do que sentir que não há tempo, é sentir que não há vontade – algo extremamente estranho, uma vez que acompanha um sentimento de quase culpa por se continuar a adorar jogos, mas, mesmo assim, sentir a necessidade de uma força colossal para carregar no botão  e ligar a consola. O cansaço, esse sacana.

© Glitch Effect c/ base nos dados da Nielsen

Antes de escrever tudo isto, fui ler a opinião de outros jogadores e a verdade é que não estou sozinha. Não se joga porque se tem filhos, companheiros ou amigos à espera, porque se tem a cabeça cansada e a última coisa que se quer fazer é passar duas horas a tentar avançar na história,  quando existem outras responsabilidades.

Identifiquei-me com os desabafos e comecei a perceber que, com a evolução da vida de cada um, manter os jogos presentes pode ser difícil. Para mim, será, no entanto, essencial.

Não acredito na ideia de que os videojogos são para “miúdos” e, por isso, espero sinceramente que todos estes gamers sem tempo continuem a fazer esforços monumentais para não deixar de lado uma paixão que, por norma, dura já há décadas.

Acho que a maioria acaba por criar estratégias para não deixar os videojogos de fora da agenda: seja optar por títulos menos exigentes (o que é difícil, para quem, como eu, adora jogos extensos e de progressão lenta I’m looking at you Fallout 3), jogar menos tempo ou certificar-se que aquelas horas daquele determinado dia são, de facto, para morrer para o mundo e jogar.

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NEM a “Sweet Brown” Wilkins diz «Ain’t nobody got time fot that» quando se trata de videojogos.

Tudo isto se resume muito bem no seguinte comentário de um qualquer jogador, que li num qualquer fórum por esta Internet fora:

“Acho que a melhor forma é reservar tempo para jogar uma ou duas vezes por semana. É quase como levar o jogo a um encontro”.

Esta comparação pode parecer ridícula para muitos, mas, não serão os jogos, um dos nossos primeiros grandes amores? Há qualquer coisa de terapêutico neste tipo de entretenimento que vai para lá do divertimento imediato, nem que seja porque ao fim de um dia mau podemos alhear-nos do mundo e ir visitar outro, vestir outra pele, e experimentar coisas novas sem sair da cadeira.

Arranjem tempo para jogar! Façam-no com descontração e sem sentimento de culpa e, de preferência, sempre que vos apetecer – horas de trabalho não incluídas neste repto, a menos que tal seja possível. Assim sendo, go for it!

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